Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A sociedade está preparada para a liberdade de presos ‘famosos’?

A sociedade está preparada para a liberdade de presos ‘famosos’?

20/06/2023 Leonardo Watermann

Alexandre Nardoni, Mizael Bispo, Lindemberg Alves, Gil Rugai e Cristian Cravinhos.

Todos esses homens povoam o imaginário da população brasileira após serem condenados por 'crimes de sangue' considerados brutais.

Agora, em junho de 2023, eles carregam mais uma coisa em comum: devem receber a popularmente chamada "saidinha temporária", concedida aos detentos que estão em regime prisional semiaberto e que preencherem certos requisitos estabelecidos em lei. E ao ganhar 'as ruas', voltam à visibilidade!

Só na Penitenciária 2 de Tremembé, interior de São Paulo, famosa por abrigar presos 'midiáticos' envolvidos em casos de repercussão, 112 detentos serão beneficiados com esse reingresso parcial à sociedade.

Bem ou mal, em um sistema remendado como o nosso, o benefício da saída temporária ainda é a melhor forma de, aos poucos, reinserir ao convívio da sociedade quem foi dela retirado abruptamente em razão de um ato considerado crime.

Então, os presos primários que estão em regime semiaberto com mais de ⅙ do cumprimento de sua pena (¼ para os reincidentes) e forem avaliados como 'detentos com bom comportamento' terão direito a quatro saídas parciais ao ano.

Importante destacar que o pacote anticrime que retirou o direito ao benefício para os condenados por crime hediondo com morte, em vigor desde 2020, não se aplica para esses presos 'famosos', pois eles cometeram seus crimes antes da alteração na legislação, que só pode retroceder quando a alteração foi mais benéfica.

Agora eu pergunto: a sociedade está preparada para receber esses presos envolvidos em crimes icônicos? Acho que não.

Basta acompanharmos as declarações de repulsa costumeiramente disparadas em casos similares, como recentemente acompanhamos quando Elize Matsunaga voltou aos noticiários, para percebermos que a sociedade é hostil com essas pessoas.

Elize Matsunaga era primária e foi condenada por ter assassinado e esquartejado o próprio marido em 2012, na época o CEO e herdeiro de uma grande empresa de alimentos, a uma pena de 19 anos e 11 meses de reclusão.

Em razão do nosso sistema progressivo e ressocializador de regime prisional, ela ficou quase dez anos presa (entre regime fechado e semiaberto) e recentemente progrediu ao regime prisional aberto.

Ganhou então o direito de cumprir o restante de sua pena em liberdade 'parcial', estando livre para trabalhar durante os dias, mas com a obrigação de retornar ao Sistema Penitenciário todos os dias para dormir.

Entretanto, tão logo ela iniciou sua tentativa de ingressar novamente no convívio social, inúmeras foram as críticas e ataques contra ela.

Oras, se o Estado entendeu que ela cumpriu a pena imposta de forma regular, não cabe às pessoas atacá-la, pois repito, ela cumpriu o que lhe foi imposto como punição pelo ato praticado.

Se isso, dessa forma, nesse tempo, não agrada a sociedade, cabe a ela 'brigar' com os deputados e senadores, responsáveis pelo legislativo. Eles sim podem alterar alguma coisa na lei, deixando-a mais branda ou mais exasperada.

Quem foi punido, não tem culpa. Ao contrário, tem o direito constitucional, legítimo e moral, de tentar reconstruir a sua vida de forma honesta. E não cabe a nenhuma pessoa julgar, atacar ou tentar tomar para si o poder punitivo do Estado.

Como já manifestei em artigos anteriores, penso que, se a sociedade continua descontente com a liberdade de uma pessoa que cometeu um crime grave, mesmo após anos de reclusão, é a hora de promover uma discussão mais aprofundada sobre as leis vigentes, mas jamais atacar essas pessoas.

Caso contrário, tolhidas do seu direito de se ressocializar, essas pessoas vão acabar retornando ao obscurantismo legal e, com isso, praticar novos crimes, fazendo vítimas na própria sociedade que não permitiu a ressocialização.

Então percebam o perigoso efeito cíclico de afrontar de forma injusta o reingresso de pessoas ao convívio social. A lei é essa, doa a quem doer. E os descontentes, lembrem-se desse sentimento na próxima eleição.

* Leonardo Watermann é advogado criminal.

Para mais informações sobre lei clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Smartcom



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves