Quando, de repente, a gente vira artista e nem se dá conta
Quando, de repente, a gente vira artista e nem se dá conta
Existem situações pelas quais a gente passa e se tornam inesquecíveis pela singularidade e, principalmente, pelo inesperado.
Há aproximadamente 10 anos, alguns colegas do PIC resolveram realizar um torneio de tênis no Hotel Pedra do Sino, situado no município de Carandaí, pouco mais de 100 km de Belo Horizonte.
Local muito agradável e para lá foram uns dez tenistas com suas esposas, onde passaríamos o final de semana entre os jogos de tênis, os papos e a cervejada à beira da piscina.
Nessas ocasiões sempre levo o violão, pois, embora nunca tenha tocado profissionalmente, gosto de tocar e cantar com os amigos que, felizmente, não deixam o nível de exigência ficar muito alto. E assim foi dessa vez também.
Chegamos na sexta feira e ficamos até o domingo à tarde. A proprietária do hotel tinha uma escola de música e mantinha no hotel um piano e violão para o caso de aparecerem hóspedes que fossem músicos e quisessem brindar os demais hóspedes com algum momento musical.
Ela ficou sabendo através dos colegas do tênis que eu tocava violão e não teve dúvida:
- Vou preparar o salão para você tocar para os amigos, ok?
- Uai, se não forem muito exigentes, tudo bem.
- Vamos fazer uma grande roda no salão para a cantoria dessa noite.
Jogamos o torneio de tênis durante o dia e à noite, logo após o jantar, fomos para o salão principal, onde ela tinha feito uma grande roda de cadeiras.
Com um ambiente bem descontraído, cantamos por umas duas horas, atendendo aos pedidos dos amigos e outras músicas do meu repertório.
Mas o fato inusitado aconteceu no café da manhã do do dia seguinte. Levantei-me, coloquei a roupa de tênis e fui para o refeitório tomar o café. Sentei-me sozinho. Na mesa ao lado duas senhoras tomavam café e conversavam:
- E você foi ao show ontem à noite no salão?
- Fui sim. Foi muito gostoso.
- Pois é. Esses artistas, quando não estão no palco e ficam assim junto com a gente, fazem um show muito mais legal, não é?
- É mesmo.
E eu ali comecei a rir baixinho, ao lembrar que aquele artista era eu, que nunca dera um showzinho sequer antes. Ri muito também com os meus amigos do tênis.
Agora, dez anos depois, voltamos ao mesmo hotel, que atualmente está arrendado para um antigo gerente. A antiga proprietária já faleceu.
Conversando com o arrendatário, contei para ele este episódio e ele me respondeu de uma maneira com uma muito interessante:
"- Uma frase dessas a gente tem que plastificar!"
Rimos bastante. Mas não plastifiquei a frase, embora ela tenha deixado, na época, um bom afago no meu ego!
* Antônio Marcos Ferreira
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