Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A reforma tributária é mesmo Robin Hood?

A reforma tributária é mesmo Robin Hood?

19/02/2024 Igor Montalvão

O texto da reforma tributária aprovado no Congresso Nacional no fim de dezembro encerrou uma novela iniciada há mais de 40 anos.

Desde que as discussões sobre a necessidade de simplificação das regras fiscais tiveram início, foram muitas fórmulas sugeridas, posicionamentos favoráveis e contrários e perdas de apelo popular diante de outras agendas mais interessantes à sociedade, às classes política e empresarial e à mídia.

Dentre tantos pontos de vista ao longo deste período, talvez um dos mais icônicos tenha sido o do megaempresário Abílio Diniz, exatamente no dia 31 de janeiro do ano passado.

À época, ele revelou temer que a reforma descambasse para um modelo ‘Robin Hood’ – o que tira dos ricos para dar aos pobres.

Aqui é necessário fazer uma ressalva: sua análise fazia referência à tributação dos dividendos, hoje isentos; não à reforma num todo.

Entretanto, agora, com o projeto já aprovado e faltando apenas a apresentação dos projetos de lei complementar que vão dar o recheio necessário às mudanças estabelecidas, é possível evocar com mais clareza essa reflexão.

Afinal, a reforma merece herdar a alcunha do lendário herói britânico? No meu entender, sim – desde que não se faça disso uma arma àqueles que repudiam a reforma simplesmente por repudiar.

Há pelo menos dois itens que poderão mexer exclusivamente com o bolso da classe mais rica da população. O primeiro abre possibilidades para a criação do IPVA para jatinhos particulares, jet-ski, lanchas e iates a partir de 2026.

Atualmente, não existe o tributo para esses veículos de alto padrão. Uma vantagem prevista pela reforma é que a alíquota do IPVA poderá ser progressiva conforme o tamanho do impacto ambiental.

Isto significa que o uso de eletricidade e de biocombustíveis, por exemplo, poderão baratear o valor cobrado pelo Estado.

Outra medida que vai ter efeitos maiores aos mais ricos será o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que é a tributação sobre a herança.

A partir da reforma, o ITCMD também deverá adotar alíquotas progressivas, de modo que, quanto maior for o valor do bem ou do recurso recebido pelo herdeiro, maior será o imposto. Isto servirá também para as heranças no exterior.

Será necessário manter a atenção ainda sobre a cobrança do IPTU, cuja base de cálculo poderá sofrer alterações nos municípios.

Dependendo dos critérios, também será possível observar efeitos mais impactantes sobre os imóveis de maior valor venal.

Da outra parte, houve um trabalho em torno da reforma com foco no combate à fome. O epicentro desse impacto deve acontecer nas gôndolas de supermercados, onde os consumidores, principalmente os mais carentes, deverão perceber os preços reduzidos dos itens da cesta básica.

Isso porque as alíquotas de CBS – que vão aglutinar os impostos federais – e de IBS – os impostos municipais e estaduais – vão ser zerados para essas categorias de produtos.

Uma coisa não deve ser vista como consequência da outra, mas é salutar compreender que a reforma tributária acabou por ser forjada num equilíbrio maior que estabelece uma coerência na forma de cobrança sobre cada setor produtivo e de consumo e renda.

Este é o grande mérito da reforma, ainda que apresente como resultado a oneração de alguns setores e a desoneração de outros.

O lado ruim é que ela terá efeito pra valer a longo prazo, com início somente em 2026 e término efetivo em 2033. Quem viver, verá.

* Igor Montalvão é advogado, sócio e diretor-jurídico do Montalvão & Souza Lima Advocacia de Negócios.

Para mais informações sobre reforma tributária clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp

Fonte: Naves Coelho Comunicação



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira