Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A volta do trem de passageiros

A volta do trem de passageiros

05/03/2024 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

O Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Campinas, que representará a volta do transporte ferroviário de passageiros no Estado de São Paulo, já tem seus futuros operadores escolhidos.

No leilão realizado pela B3 (Bolsa de Valores do Brasil-SP), foi homologado o consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, formado pelo Grupo Comporte – controlado pela família Constantino, titular da Gol Linhas Aéreas, Metrô de Belo Horizonte, VLT da Baixada Santista e detentor de empresas de ônibus urbanos, suburbanos e rodoviários em 13 unidades federativas (inclusive o Distrito Federal) e 700 cidades, com 7.200 veículos – e pela CRCC, com sede em Pequim (China), uma das maiores referências internacionais no fornecimento de equipamentos ferroviários.

O objeto é a implantação, manutenção e operação por 30 anos do trem expresso entre São Paulo (Barra Funda), Jundiaí e Campinas.

A Parceria Público-Privada (PPP) estabelece ainda a criação de uma linha para interligar com o trem Jundiaí, Louveira, Vinhedo e Valinhos e, também, mudanças na Linha 7 Rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Urbanos de SP).

A expectativa é que o trecho São Paulo-Campinas e as alterações na CPTM fiquem prontas em 2031 e a outra linha em 2029.

O trecho operará o primeiro trem de média velocidade do Brasil, com deslocamento de 95 km/h, devendo cobrir o percurso São Paulo-Campinas entre 1h04 e 1h15, com o custo médio do bilhete estimado em R$ 50, reajustados anualmente pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

A implantação do TIC para Campinas é discutida há duas décadas. Porém, o estudo de viabilidade só foi contratado em 2018, no governo de Geraldo Alckmin. Seu sucessor, João Dória, realizou as etapas de consultas e audiências públicas.

Assim que assumiu o governo, Tarcisio Freitas realizou outras alterações e deu andamento ao processo. Técnicos da área de transportes defendem a adoção do trem de média velocidade como meio de desafogar o trânsito nas rodovias, que hoje abrigam praticamente todo o movimento de passageiros e cargas.

Estimam que a entrada desse novo serviço abrirá uma grande porta econômica para toda a região de Jundiaí e Campinas, possibilitando que moradores dos seus municípios possam trabalhar na capital utilizando-se do transporte ferroviário.

Além de Campinas, o governo do Estado contratou os estudos de viabilidade econômica para a implantação do TIC de São Paulo a Sorocaba, devendo o leilão para a contratação da PPP ser realizado no próximo ano.

É importante lembrar que o desenvolvimento de praticamente todo o Estado de São Paulo deu-se sobre trilhos. Grande número de municípios só surgiram depois da chegada da estrada de ferro que inicialmente era privada.

Pressões trabalhistas apoiada pela esquerda, no entanto, levaram os governos a encampar as ferrovias que, em algumas regiões já padeciam de falta de manutenção. Com o passar das décadas, a falta de atualização técnica e reparos levou ao sucateamento.

Em alguns trechos em que o trem – especialmente o de passageiros – deixou de circular sob a justificativa de que os dormentes da linha estavam podres e, mesmo trafegando devagar, poderiam ocorrer acidentes.

Aquilo que trouxe o desenvolvimento entrou em declínio. Nos anos 90, o governo federal – a quem São Paulo entregou suas ferrovias para saldar dívidas – promoveu o arrendamento que, na maior parte das linhas, caiu em colapso.

Hoje resta apenas o transporte de cargas (não em todas as regiões) e as rodovias estão congestionadas pelo excesso de caminhões, ônibus e automóveis. As linhas estão inativas, o setor atrasado em pelo menos 30 anos.

Talvez seja esse o tempo que a reativação demore se os estudos correrem normalmente e os governos não interromperem as atividades recuperadoras.

Não consigo me esquecer, no entanto, que no começo dos anos 70, viajava diariamente entre São Paulo e Campinas e o trajeto, com paradas em todas as estações, era coberto em 1h 30.

Logo, há meio século o tempo já era esse. É de se esperar que os operadores agora em contratação possam fazer algo melhor para atender ao usuário.

Especialmente porque um dos futuros operadores é uma grande produtora de material ferroviário da China. Nestas condições, espera-se que faça o melhor... É preciso melhor sempre...

* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

Para mais informações sobre transporte ferroviário clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Entre para o nosso grupo de notícias no WhatsApp



O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A poderosa natureza

O dinheiro é um vírus que corrompe tudo e quando a pessoa se “infecta”, dificilmente se livra.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


A maior eleição do mundo e o nacionalismo hindu

O ano de 2024 está sendo considerado o superano das eleições pelo mundo. Ao todo, mais de 50 países terão pleitos variados, dentre os quais o Brasil e os Estados Unidos.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray