Bandejada especial
Bandejada especial
Montes Claros é uma cidade de características muito peculiares. Para quem chega de fora para morar lá a primeira surpresa vem com a receptividade do seu povo.
A facilidade de se entrosar e fazer novos amigos é muito grande. Durante muito tempo ela foi para mim um local de passagem, nas viagens que fazíamos de Manga para Belo Horizonte e vice versa. Servia como um local para as refeições e abastecimento.
Mas em 1983 ingressei na Cemig em Montes Claros, fui para Pirapora em 1984 e retornei em 1987, permanecendo até 1998, quando me transferi para Ipatinga.
Naquele período vivi uma das melhores épocas da minha vida, seja no plano profissional quanto na vida social com os amigos.
Muitos colegas da Cemig também se tornaram meus amigos, com muita convivência fora do ambiente empresarial. Dentre estes locais, o MaxMin Clube era um ponto de encontro, principalmente aos finais de semana.
Lá, o esporte era diversificado entre os amigos. O futebol soçaite, que também acontecia num dia de semana na casa do Waltinho, era repetido no domingo, agora nos gramados do clube.
Alguns eram praticantes da peteca, muito comum naquela época. E outros, assim como eu, havíamos aderido ao tênis, praticado há menos tempo, mas que estava em franca evolução na cidade.
Naquela ocasião fui diretor de tênis por alguns anos, período em que foram construídas várias quadras de saibro, aumentando muito o número de praticantes desse esporte.
Mas a confraternização era sempre na lanchonete do clube, onde todos os esportes convergiam para o bate papo, conversas jogadas fora e muitas risadas.
Numa dessas manhãs, em 1994, após a prática dos esportes, nos reunimos, como de costume, na lanchonete. As mesas estavam recheadas dos amigos.
E naquele dia uma nova garçonete, muito bonita e simpática, começava a trabalhar na lanchonete, o que chamou a atenção de todos. Um de nossos amigos, o Ronaldo, aproveitando o clima de descontração e alegria, fez uma brincadeira com a garota. Nada demais e nem que fosse desrespeitoso.
Mas nesse momento a sua esposa se aproximava da mesa por detrás da sua cadeira. Os amigos, então, percebendo a chegada dela, começaram a incentivar o Ronaldo para continuar os gracejos, até que sua mulher chegasse às suas costas.
E ele continuava e os amigos rindo bastante daquela situação. Entregaram o Ronaldo "de bandeja." Naquele dia ele recebeu seu novo apelido: "Bandejinha".
Na semana seguinte marcamos um encontro na casa do Waldeir, médico pediatra e músico nas horas vagas. Para esse encontro, e baseado no ocorrido no domingo, compus uma marchinha para brincar com o Ronaldo, com o título de "Bandejinha", com a seguinte letra:
"Sou bandejinha e vou cumprir minha missão Meu coração é mesmo assim descontrolado Fica no peito repicando de emoção Se um avião aterrissa do meu lado Com sorriso franco e muito jeito Tudo é feito pra meu gesto despistar Se Deus me ajude que minha mulher não veja Minha bandeja eu vou levar REFRÃO Bandeja, bandejinha Vai daqui que eu vou de lá Bandeja, bandejinha Não precisa despistar Quem é bandeja sabe que é missão difícil Largar o vício de bandejar Bandeja, bandejinha Vai daqui que eu vou de lá Bandeja, bandejinha Também quero bandejar."
A música provocou muitas risadas e descontração entre os amigos e passou a ser sempre cantada nos nossos encontros.
Segundo o Ronaldo, até hoje existem amigos que o tratam de "Bandejinha". Hoje, trinta anos depois, ao recordar estes episódios, me certifico de que os amigos têm uma importância fundamental nas nossas vidas. Com eles a vida tem um colorido especial. Vamos bandejar nossas amizades?
* Antônio Marcos Ferreira é engenheiro eletricista, aposentado da Cemig e vice-presidente da Fundação Sara.
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