Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Pregão: distorções onde todos perdem

Pregão: distorções onde todos perdem

27/03/2012 José Adir Loiola

A sociedade brasileira anseia pela moralização no uso dos recursos e do patrimônio público.

O noticiário recorrente sobre a má utilização ou o desvio do dinheiro público deixa no ar a sensação de que os ralos da corrupção se alastram como epidemia pelos quatro cantos da administração do Estado brasileiro. A indignação ganha corpo conforme o cidadão sente o aperto da carga tributária sobre os rendimentos do seu trabalho ou empreendimento, uma das mais elevadas do mundo.

Está na Constituição Federal de 1988, que a contratação de obras e serviços para o Estado, além das compras e alienação, ocorra mediante “processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.

Está aí a modalidade do Pregão, tipo de concorrência que entrou em cena em âmbito federal em maio de 2000. A ideia era eliminar a pré-habilitação dos concorrentes, diminuindo a burocracia e aumentando o número de ofertas, uma forma de chegar ao melhor ou menor preço possível ao administrador público. Em 2005, esta modalidade cedeu lugar ao Pregão Eletrônico, acompanhando a evolução da internet no Brasil.

No entanto, se o intuito era beneficiar o erário público, alguns maus resultados colhidos hoje sobre a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos denunciam, pelo contrário, que o formato apresenta um grave vício de origem e prejudica o cidadão: ao forçar o fornecedor a praticar o menor preço, ele inviabiliza o cumprimento do contrato. Ou seja, para se proteger do abuso contra preços extorsivos, o poder público acabou gerando um sistema irrealista e devastador contra o prestador de serviços.

O quadro é particularmente dramático junto das empresas de segurança privada. O Estado representa seu principal mercado tomador, demandando especialmente mão de obra qualificada para cuidar da vigilância e do patrimônio de praças, parques, sedes administrativas, polos de tecnologia, centros educativos, culturais e sociais, escolas, bancos, hospitais, fundações, autarquias, entre muitos entes públicos.

Mas em lugar de exigir habilitação e preços compatíveis a um serviço especializado, o Poder Público usa tão e somente o critério do menor preço para selecionar a empresa que irá gerir e proteger o bem coletivo. Se compararmos os dados de pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras de São Paulo (Fipecafi) sobre o custo unitário da mão de obra por tipo de serviço de vigilância, observaremos que os preços pagos pela área pública estão no limite ou abaixo do dispêndio mínimo que as empresas realizam por trabalhador.

É importante observar ainda que estes valores não incluem gastos com supervisão, treinamento, gerenciamento, dividendos e insumos das prestadoras. Assim, na somatória final, não surpreende que o prestador - que precisa disponibilizar até quatro trabalhadores por posto de serviço, pagar salários, uniformes, benefícios, oferecer treinamento, recolher encargos e tributos, conceder férias, bonificar com 1/3 do salário e com o 13º etc. - se veja à beira da insolvência.

Se o Artigo 37 da Constituição Federal preza a obediência da administração pública direta e indireta “aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, nos cabe perguntar onde estaria dada a garantia de reciprocidade desses princípios na prática dos Pregões?

*José Adir Loiola é presidente do SESVESP (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo).



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira