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Como ser sustentável sem perder a lucratividade

Como ser sustentável sem perder a lucratividade

21/05/2012 Claudia Martins

Em 1994, o fundador da Interface, Ray Anderson, definiu metas audaciosas para a sua companhia, hoje uma das maiores fabricantes de carpetes modulares do mundo.

O objetivo era, e continua sendo, não utilizar nenhum recurso natural que não possa ser reposto. Após 15 anos, a Interface diminuiu as emissões de gases em 82%, o consumo de combustível fóssil em 60%, desperdício em 66%, o consumo de água em 90%, inventando e patenteando máquinas, materiais e processos de manufatura sustentáveis.

Com isso, as vendas cresceram em 66%, dobrando os rendimentos e aumentando as margens de lucros. Utilizar produtos de empresas preocupadas com o meio ambiente é apenas um dos passos, assim como conscientizar e engajar os funcionários a apoiarem este projeto. Como já disse o fundador da Interface em outras oportunidades, para uma meta ambiciosa como esta funcionar, é preciso haver um comprometimento verdadeiro entre a empresa e os seus colaboradores. As pessoas precisam acreditar, entender e – de fato – apoiar as ações, levando a sustentabilidade para a sua vida, para o seu cotidiano.

Aqui no Brasil, não foi diferente para nós. Temos um showroom, onde recebemos os nossos clientes, para que possam conhecer e claro, comprar os nossos produtos. Sim, eles são sustentáveis, mas o nosso espaço também precisava ser. O desafio era adequá-lo para que pudéssemos obter a certificação LEED (Criado em 2000, pelo USGBC - Conselho de Construção Sustentável dos EUA, o LEED - Leadership in Energy and Environmental Design - orienta e atesta o comprometimento de uma edificação com os princípios da sustentabilidade para a construção civil - antes, durante e depois das obras.

Emitido em mais de 130 países de todo o mundo, o selo é considerado hoje, a principal certificação de construção sustentável para os empreendimentos do Brasil). E a conquista da certificação LEED foi uma grande demonstração do nosso esforço.

As etapas do processo para a obtenção do selo são: planejamento, projeto, simulação, construção, comissionamento e documentação; e para que isso acontecesse, tínhamos dois grandes desafios: uma verba reduzida e a adequação das exigências aos produtos e processos disponíveis no mercado. Ou seja, sabíamos que não seria fácil. O prédio onde temos o nosso showroom é novo, mas não possui a certificação. Algumas adequações em qualidade interna do ar, considerando o ar condicionado existente, foram feitas com adaptações e contribuição de empresas parceiras.

Outro grande desafio foi a questão da iluminação, afinal  tínhamos que atender ao consumo máximo no espaço de showroom, com lâmpadas de maior eficiência energética. Aqui, os lojistas devem compartilhar a nossa dificuldade: encontrar lâmpadas LED com melhor resultado para nossa operação diária de apresentação de nossos carpetes, com cores e texturas, para uma boa avaliação e definição do cliente. Ou seja, precisávamos estar em um local bem iluminado.

Conseguir conciliar sustentabilidade com um local atrativo para as vendas, onde fosse possível destacar todas as características e qualidades dos nossos produtos, foi fundamental. O espaço também é importante para que o produto seja vendido, ou melhor, para que o cliente tenha ali uma experiência memorável. E podemos afirmar que o investimento vale a pena! Por exemplo, as lâmpadas e luminárias foram mais caras na implantação, mas o consumo de energia é muito menor do que lâmpadas normais.

Compartilhamos estas informações para exemplificar como é possível e viável, se buscarmos resultados de médio e longo prazo. A economia imediata não é garantia de um bom negócio. Se utilizarmos materiais mais econômicos, sem a preocupação de durabilidade e eficiência, em pouco tempo gastaremos o dobro para substituir materiais que tenham sido comprados de forma equivocada como foco em custo.

Por isso, todas as empresas deveriam enxergar a sustentabilidade como um investimento e não como um gasto – o que ainda acontece em muitos mercados. Se a sua dúvida ainda esta em o que muda para o negócio, digo que a consciência e a visão se transformam.

Mesmo com uma imagem de comprometimento com a sustentabilidade, a visão da Interface e dos próprios associados e parceiros mudou, pois o comprometimento para que este espaço fosse feito de forma sustentável, fez com que todos andassem na mesma direção, aumentando a conscientização.

Com a participação no processo, agora todos se sentem responsáveis pelas ações, compartilhando as práticas com clientes e também utilizando as mesmas práticas básicas em suas casas, como reciclagem, reduzir consumo de água e energia, etc. A empresa como um todo precisa estar engajada e comprometida com a sustentabilidade.

Os empresários não devem fazer a busca somente de um selo, precisam ter uma mudança de postura, inspirar-se em exemplos e soluções aplicadas por outros tantos empresários e, por que não, em outros mercados. Nestes anos todos, a Interface conseguiu provar e mostrar que sim, é possível obter lucro e ser sustentável. Ou seja, os negócios podem aplicar o Triple Bottom Line (a tríade: Social, Econômico e Ambiental) sem perder lucratividade.

* Claudia Martins, Diretora da Interface.



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