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Os centavos que faltam para a educação

Os centavos que faltam para a educação

25/07/2013 Claudio Bernardes

O tempo passou, mas as vozes que dominaram as ruas em junho deste ano continuam ecoando em nossos ouvidos e, principalmente, em nossa consciência.

O governo tenta responder ao clamor popular, anunciando medidas como a realização de um plebiscito para promover a tão esperada reforma política, iniciativa que não teve apoio da população e menos ainda dos parlamentares. Nada surpreendente. Tal reforma, há anos pleiteada para conferir novos rumos ao País e fortalecer a democracia, é fundamental, porém o calor das eleições não oferece as melhores condições para discutirmos, com a necessária serenidade, matéria tão relevante.

Quanto à corrupção, outra questão levantada nas ruas, discute-se a eficiência de propostas, como tipificá-la como crime hediondo. Sem dúvida, se não for esta, alguma ação contundente deve ser adotada. Entretanto, o mais importante é que esses movimentos tenham o condão de promover em todos nós as transformações interiores que nos farão mudar de comportamento em relação à coisa pública, aos padrões de ética e moral, e ao cumprimento estrito das regras que organizam a sociedade.

No que diz respeito à saúde, a proposta governamental de importar médicos ou adicionar mais dois anos (dedicados ao SUS) aos cursos de Medicina destoam de uma realidade onde há hospitais e postos de saúde desprovidos de mínima infraestrutura para funcionar. Por outro lado, talvez seja uma ideia positiva tomar como norma que todos aqueles que estudem em universidades públicas (não só os estudantes de medicina), devolvam à sociedade, em trabalho para a comunidade, o beneficio recebido.

Evidencia-se que respostas satisfatórias ao clamor das ruas ainda são aguardadas. Dentre elas, talvez a de maior valor para o nosso desenvolvimento está relacionada à estruturação do modelo educacional no País. O Brasil se destaca mundialmente em função de seu déficit educacional. Segundo ranking elaborado em 2011 pela Unesco, organismo da ONU dedicado à cultura e à educação, ocupamos o 88º lugar no rol de 127 países. Estamos atrás do Equador, da Bolívia, de El Salvador... É claro que houve melhorias.

O "Relatório de Monitoramento Global” mostra como exemplar nosso programa de combate ao analfabetismo. Embora ainda existam cerca de 14 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever, o Brasil foi dos países que mais aumentou seus investimentos em educação. Outro exemplo de melhoria: dentre as universidades com menos de 50 anos, o Brasil aparece em 28º lugar com a Unicamp, conforme levantamento divulgado este ano pela publicação inglesa Times Higher Education.

Mas o que dizer do ensino fundamental? Recentemente, em visita à Coreia do Sul, foi possível avaliar quanto estamos distantes de uma política de educação eficaz. Para começar, o professor é bem remunerado, capacitado e respeitado. O governo local investe maciçamente no ensino (5% do PIB, ou US$ 47 bilhões, conforme dados do Banco Mundial de 2009), especialmente na formação dos mestres e na melhoria da estrutura das escolas. Todos os alunos, sem exceção, estudam em período é integral de 8 horas e, não raro, têm ações educativas complementares depois das aulas, o que estende o processo de aprendizagem.

Privilegiou-se a educação primária. Só quando esta se tornou universal, o governo passou a destinar recursos para o segundo e terceiro graus. A opção pela educação garantiu formação cultural e competitividade. Hoje, opaís, que até 1960 era um dos mais pobres do planeta, figura como a 15ª economia mundial, exportadora de tecnologia de ponta. Quando é que o Brasil vai de fato cuidar do ensino?

Há dois anos tramita no Congresso a proposta de aumentar o valor destinado à área, uma das metas do Plano Nacional da Educação. O governo também tem projeto de lei para direcionar recursos dos royalties do petróleo. Mas até quando a sociedade ficará esperando os centavos que faltam para a educação?

*Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP, o Sindicato da Habitação, e reitor da Universidade Secovi.



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