Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O assédio moral e os seus prejuízos às empresas

O assédio moral e os seus prejuízos às empresas

29/09/2013 Susana Falchi

Projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, em 2030, a depressão será a doença mais comum no planeta, à frente do câncer e de doenças infecciosas.

De acordo com a entidade, atualmente, cerca de 121 milhões de pessoas sofrem desse mal. Segundo o órgão, 350 milhões de pessoas (cerca de 5% da população mundial) sofreram algum episódio de depressão no ano passado. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 25 milhões de pessoas são depressivas, com manifestações leves, moderadas ou severas. Parte importante das causas desse distúrbio resulta da vida profissional.

“O trabalho representa uma importante instância na patogenia, no desencantamento e na evolução de distúrbios psíquicos”, afirma Edith Seligmann-Silva, doutora em medicina e especializada em Saúde Pública, ambos pela Universidade de São Paulo, e autora de diversos títulos sobre psicopatologias do trabalho. Além da insatisfação profissional, medo do desemprego e preocupações com a renda, um fator ganha força cada vez maior no agravamento desse quadro: o assédio moral.

A busca crescente por resultados financeiros, ganhos de produtividade, enxugamento de mão de obra e o consequente acúmulo de funções, entre outros, aumentam as tensões no ambiente de trabalho. A isso, mais vezes do que se supõe, somam-se ações como ignorar um funcionário, maltratá-lo, desprezá-lo, retirar-lhe responsabilidades e atribuir-lhe tarefas e metas infactíveis. Quando constantes, práticas como essas caracterizam o assédio moral, que acaba por comprometer a performance profissional de uma pessoa e, muitas vezes, sua saúde mental e física.

Na maior parte dos casos, essa prática ocorre de forma vertical, ou seja: parte de um superior a um subordinado. Há também o bullying de caráter horizontal, caso do chamado mobbing. Ocorre quando um grupo passa a praticar assédio psicológico contra um colega de mesmo nível hierárquico, por exemplo, por meio de críticas e comentários, disseminação de rumores ou ridicularização. Por vezes, esse comportamento parte de pessoas que buscam, de formas pouco profissionais, agradar a superiores, repetindo, quando possível, seus atos.

Entre as consequências que a vítima de assédio moral pode enfrentar estão episódios depressivos, transtorno de estresse pós-traumático, neurastenia, neurose profissional, síndrome de esgotamento profissional, entre outros. Há ainda a chamada Síndrome de Burnot. Causado pelo estresse profissional, o mal acomete muito os chamados “workaholics”. Porém, suas causas estão intimamente ligadas a uma percepção de desvalorização profissional, característica marcante da exposição ao assédio moral.

A Síndrome de Burnout se caracteriza por tensão, esgotamento físico e mental extremo, fadiga persistente, distúrbios de sono, dores musculares e de cabeça, enxaquecas, problemas gastrointestinais, respiratórios e cardiovasculares. É um quadro extremo dos males a que um trabalhador pode ser exposto. O número de doenças psíquicas catalogadas que têm algum vínculo com o trabalho e as práticas de assédio moral identificadas e nomeadas basta para se ter uma noção do quão preocupante é o quadro.

Os prejuízos não se restringem aos profissionais expostos a essas práticas, mas também aos CEOs, sócios e donos de uma empresa, que, com desvios de conduta de seus executivos, podem ter diversos tipos de prejuízos em seu negócio. Um levantamento realizado pela HSD Consultoria em RH a partir de 5 mil avaliações realizadas com executivos detectou desvios de conduta em 20% dos pesquisados. Outro dado revelador aponta que 90% dos desligamentos de profissionais com cargos de chefia e gerência devem-se a comportamento e não a conhecimento ou desempenho.

Desses, mapeados para identificação de potencial, 100% apresentavam desvios de conduta que representavam potenciais prejuízos financeiros para seus empregadores. Poucas empresas expressam preocupação com o conhecimento do perfil comportamental de seus executivos e lideranças, não só no que se refere a atitudes observáveis, mas principalmente quanto à sua estrutura de caráter. A conduta e a ação das pessoas que representam uma organização pode ser uma referência para o sucesso ou fracasso de um negócio.

Apesar do indicador, observamos que algumas empresas relutam em tomar decisões para o desligamento de executivos que apresentam desvios de conduta. É comum CEOs justificarem essa omissão com o argumento de que esses profissionais trazem resultados para o negócio. Porém, se há desvio de conduta comprovado pela auditoria, uma ação imediata e contundente deve ser tomada, já que, certamente, outras pessoas da organização conhecem as práticas desse profissional. Nesses casos, as medidas tomadas funcionam como uma mensagem.

Quando nada é feito, outros membros da equipe entenderão a empresa como tolerante a desvios de conduta. A omissão nesses casos é um erro grave, mesmo se analisada apenas do ponto de vista financeiro. Além de potenciais perdas por conta de ações trabalhistas, essas práticas acabam por comprometer a parte operacional do negócio. Isso ocorre por conta do clima instalado entre os funcionários. Faltas, turnover elevado, problemas disciplinares, queda de performance, tensões e conflitos no ambiente de trabalho tornam-se parte do cotidiano da empresa.

As consequências econômicas são óbvias, mas há ainda prejuízos à imagem institucional da organização. Há casos de organizações que, mesmo com uma política salarial atraente, acabam por ter dificuldades em atrair bons profissionais, por conta da fama que têm no mercado.

*Susana Falchi é CEO da HSD Consultoria em Recursos Humanos, executiva e consultora em Projetos Estratégicos em empresas nacionais e multinacionais de grande porte.



Tributação versus solidariedade

A discussão sobre o Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/24, inserido no contexto da reforma tributária brasileira, trouxe à tona questões relevantes para o setor filantrópico do país.

Autor: Carmem Murara


Sem ordem não há progresso

Anarquia e desordem se espalham pela Terra. Poucos indivíduos ainda sentem a necessidade de agir com retidão. Sem ordem não há progresso.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Novo Marco de Garantias: democratização e barateamento do crédito

Dados do Banco Mundial mostram que, ao redor do mundo, a taxa média de recuperação de créditos é de 36,90 centavos por dólar.

Autor: Adolfo Sachsida


Mau filho, mau cidadão

Quando nascem os bebês, começa uma série de preocupações por parte dos pais de como educarão seus filhos. Aliás, as dúvidas começam mesmo antes do nascimento.

Autor: Pedro Cardoso da Costa


Pablo Marçal, a lição de campanha nas redes sociais

Independentemente de como terminará a eleição de Prefeito de São Paulo – que ainda sofrerá a influência dos acontecimentos dos próximos 40 e poucos dias – o candidato Pablo Marçal dela sairá consagrado como o político que teve a inteligência e a sensibilidade suficientes para bem utilizar as redes sociais e, mais que isso, dispor de conteúdo ao interesse do eleitorado.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Por onde andam os líderes na geração “Plástico-Bolha”?

Vivemos em uma época peculiar. Enquanto a tecnologia avança, as oportunidades se amplificam para as novas gerações.

Autor: Lucas Atanazio Vetorasso


Falta bom senso

No passado, sempre havia, na gestão dos municípios, pessoas com bom senso e visão, tanto que a legislação sobre o manejo do lixo conta mais de 70 anos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Aroma de saudades

Hoje em dia a turma cria os filhos diferente. Na minha época, não... Acho que tudo era mais simples, mais verdadeiro, mais genuíno. Não sei...

Autor: André Naves


O profissional e a profissão

“Ora, poderias encontrar alguma coisa que se ligue mais estreitamente à ciência do que a verdade? Logo, quem ama de fato a ciência deve, desde a juventude, desejar tão vivamente quanto possível apreender toda a verdade.” (Sócrates in A república de Platão).

Autor: Menildo Jesus de Sousa Freitas


Maria da Penha, a demora da Justiça e a real necessidade de mudança

No último dia 7 de agosto, o presidente do STF e do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, em nome do Poder Judiciário, fez um pedido de desculpas à ativista Maria da Penha pela demora e por falhas da justiça brasileira na análise do seu caso de violência doméstica.

Autor: Mayra Vieira Dias


Prometer pouco e cumprir muito pode transformar o país

A proximidade das eleições municipais é um momento propício para uma reflexão necessária dos brasileiros.

Autor: Samuel Hanan


Grau de maturidade sociopolítica e democracia

Cada vez mais doutrinadores têm defendido a tese segundo a qual a democracia e o chamado regime democrático constituem-se muito mais acertadamente em uma “resultante estrutural dialética”.

Autor: Reis Friede