“Tira essa mão daí, menino(a)!”
“Tira essa mão daí, menino(a)!”
Esta é provavelmente a frase mais comum quando um adulto pega uma criança com a mãozinha dentro da calça.
A dificuldade que os adultos têm em lidar com cenas de atos de interesse da criança em relação aos seus genitais e de outras crianças está diretamente relacionada à carga cultural que envolve a sexualidade ainda hoje. No entanto, não há como negar que, desde o nascimento, o bebê explora seu próprio corpo, e essas descobertas lhe proporcionam prazer – primeiro colocando mãos, dedos, pulsos na boca, e mais tardiamente, é comum a atividade exploratória da criança chegar aos genitais.
Tal exploração, por si, é normal, natural e saudável, fazendo parte do desenvolvimento da sexualidade em todos os seres humanos – daí a importância do tema ser compreendido como uma curiosidade e atividade natural da criança, e por proporcionar prazer, provavelmente irá se repetir.
Para lidar com essa estimulação infantil, os adultos podem auxiliar as crianças a compreenderem que o toque nas partes íntimas não deve ser feito na presença de outras pessoas, não por ser uma “coisa feia” de ser feita (como comumente dito), mas por ser um momento muito íntimo e particular, e que por isso as crianças pode fazê-lo quando estiver sozinha, no banheiro ou no quarto.
Punir o comportamento não é um caminho, mesmo se o comportamento persistir numa frequência alta. É importante tentar não se deixar contaminar pela conotação que a masturbação adulta tem e aplicá-la ao contexto infantil, como um julgamento moral. Ao contrário, tal comportamento infantil faz parte das experiências da criança em relação à descoberta do seu próprio corpo, e está intimamente relacionada ao desenvolvimento saudável de sua sexualidade.
*Aline Abreu, Caroline Greiner e Isabella Barreto, integrantes da clínica Link Psicologia.