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Tempos de messianismo

Tempos de messianismo

12/10/2014 Ricardo Vélez-Rodríguez

A trágica morte de Eduardo Campos alterou o panorama da próxima eleição presidencial, como se pode ver pelas pesquisas de intenção de voto.

A desaparição do jovem candidato colocou em primeira linha da disputa a sua Vice, Marina Silva, agora candidata do PSB em propriedade. Ela carregou consigo não só as intenções de voto que a sigla apresentava antes do trágico evento. Por razões que Sobrenatural de Almeida explica, como diria Nelson Rodrigues, a morte do candidato potencializou as intenções de voto favoráveis à sua substituta. Marina apresenta hoje invejável patamar, que a coloca praticamente empatada com a candidata do PT à reeleição, no primeiro turno, e superando a Dilma no segundo.

Pouco têm adiantado as excelentes performances do candidato do PSDB nos debates, de longe o que tem se saído melhor nessa fase da campanha. Afinal de contas, o partido dos Tucanos amadureceu um programa coerente e bem arquitetado de inspiração social-democrática e o seu candidato tem falado claro acerca dos pontos programáticos essenciais, descendo do salto alto da linguagem acadêmica. Não tem fugido da raia. E tem sido contundente no embate com a candidata petista.

Arregaçou as mangas para a luta, deixou na gaveta os punhos de renda com que tradicionalmente os candidatos peessedebistas tratavam os petralhas, enfim, tem se mostrado como o eleitorado gostaria: defendendo as privatizações efetivadas por FHC, atacando sem rodeios o patrimonialismo lulista, destacando as barbaridades praticadas pelos petistas nestes doze anos de governo e colocando contra a parede a candidata Dilma, que cada dia fica mais acuada, sem conseguir responder aos questionamentos de Aécio e de outros candidatos. Mas aí entra a saga sebastianista e nos deixa a todos em suspense. Não é que Marina recebeu a conexão com a nuvem mística do messianismo político, que entrou como “deus ex machina” pelo teto da disputa e a guindou a posições não imaginadas?

O messianismo político está hoje, mais do que nunca, presente no cenário político brasileiro! César Maia, no seu exblog de 29 de Agosto, alerta para o fenômeno Marina no contexto da velha tradição do misticismo sebastianista, na trilha dos pregadores caboclos que tanta poeira levantaram na história do sertão nordestino. Escreve a propósito: “O que aproxima o padre Ibiapina (1806-1883), o padre Cícero (1844-1934) e Antonio Conselheiro (1830-1897) é o mesmo livro de cabeceira: Missão Abreviada (720 pgs.), do padre Manuel José Gonçalves Couto.

Editado em 1859, foi o livro de maior tiragem em Portugal no século 19 (150 mil exemplares). (…) Os três falaram aos excluídos. Foram a esperança dos miseráveis, com conselhos, esmolas e o reino dos céus. A repressão conservadora católica abriu espaço aos evangélicos com um estilo similar. Os dois principais líderes das Ligas Camponesas eram evangélicos (ver Cabra Marcado para Morrer). Método com o qual os mais pobres do Nordeste se identificam até hoje. (…). Enquanto Lula era um líder operário urbano, disputou voto entre eles em igualdade com os demais candidatos. Em 2005, Lula muda. Incorpora o retirante e passa a falar aos excluídos, com conselhos, ajuda e esperança, na terra e no céu.

Em 2006 e 2010, nas regiões que foram palco da peregrinação dos três, a nova Missão Abreviada produziu vitórias eleitorais na casa dos 80% no segundo turno. (…). E agora: como classificar Marina? Um pouco mais de tempo e saberemos”. Muito provavelmente a candidata Marina vai dar continuidade a essa saga de misticismo político. Ruim para todos nós. Porque era a hora de que se debatessem com objetividade as urgências que nos afligem, depois de doze anos de desmandos e de rumos errados.

Marina, efetivamente, pelo seu passado, revelou-se como uma porta-voz do atraso, em virtude do fato de que fez do agronegócio o seu inimigo número um. Já não era muito abonadora a sua proximidade à gestão do PT no Acre, que em quatorze anos não mudou significativamente o perfil do Estado. Espero sinceramente que entre em cena outra linha mística, aquela de que “Deus é brasileiro” e ilumine a candidata Marina com uma boa dose de bom senso, a fim de que, como figura mais cotada nas próximas eleições, reconheça a complexidade dos problemas que afligem ao Brasil. Claro que, como eleitor, torço pelo triunfo de Aécio. Mas uma coisa é o desejo pessoal, outra o que a sorte das urnas nos depara.

*Ricardo Vélez-Rodríguez é Doutor em Filosofia (UGF), Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Professor Emérito na Escola de Comando e Estado Maior do Exército e Especialista do Instituto Liberal.



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