Parem de repetir que aumento de imposto é aumento na arrecadação
Parem de repetir que aumento de imposto é aumento na arrecadação
Por favor, parem de repetir que aumento de impostos é igual a aumento de arrecadação. Simplesmente parem.
Tenho lido até comentaristas fora da esquerda repetindo essa estupidez de que uma elevação de uma alíquota de impostos em “x” leva a um aumento de “y” na arrecadação do governo, como se fosse assim que funcionasse no mundo real.
Imagine que você mora num país hipotético comandando por uma ex-sacoleira que faliu uma lojinha de produtos importados de R$ 1,99. É como se estivessem dizendo “se tivesse aumentado os preços para R$ 2,99 ela não teria falido”.
Será mesmo? Se você tem um restaurante que vende refeição por R$ 20,00 e está no prejuízo, a solução para dobrar o faturamento é aumentar para R$ 40,00? Acreditem, é assim que estão fazendo a conta.
Vamos desenhar: quando os burocratas aumentam alíquotas tributárias, o país afugenta ou adia novos investimentos, incentiva a informalidade, diminui o consumo e a arrecadação pode até cair. Além disso, você aumenta o poder dos fiscais, o que também pode levar a mais corrupção.
Baixar impostos não é favorecer os ricos, bestas! Menos impostos e um sistema tributário racional, simples e transparente favorece a sociedade inteira, até porque quem mais paga imposto, em qualquer lugar, não são os milionários.
Outro argumento inacreditável, dito pelo próprio Ministro da Fazenda e PhD em economia pela Universidade de Chicago (Milton Friedman teria um enfarte se ouvisse isso), é que temos uma alíquota pequena para imposto de renda, com “apenas” 27,5% para a faixa mais alta. Que um bobo da corte como Jô Soares diga isso, vá lá, mas Levy?
O que o ministro não disse:
– A faixa mais alta de rendimentos mensais para cobrança dessa alíquota de 27,5% é R$ 4.664,68, ou US$ 1.200. Explique para um americano, por exemplo, que no Brasil quem ganha US$ 1.200 por mês é considerado rico! Os EUA debatem hoje o salário mínimo de US$ 15/hora e, considerando 40 horas de trabalho por semana, dá o dobro disso, ou algo como US$ 2.400. O que se considera rico no Brasil recebe, numa conta aproximada, metade de um salário mínimo americano.
– A carga tributária no Brasil vai muito, mas muito além do Imposto de Renda, e é por isso que a conta que interessa é o impacto dela no PIB. A carga tributária brasileira é de 35,9% do PIB e a média dos países da OCDE é de 34,1%. A do Chile é de 20%, por exemplo. A da Suécia é de 44% mas já foi de 60% e está caindo. Quem ele pensa que engana?
– Pelo quinto ano consecutivo, o Brasil é o pior país do mundo em retorno dos impostos. E a solução é mais impostos?
O Brasil está cada vez mais parecido com a Grécia: quanto mais afunda, mais busca soluções à esquerda. Não há uma única chance de dar certo, mas o país continua caminhando por esse beco sem saída e dobrando a aposta.
Estamos indo para o buraco, não se enganem.
* Alexandre Borges é carioca, comentarista político e publicitário.