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A raiz dos problemas: o carrossel brasileiro

A raiz dos problemas: o carrossel brasileiro

30/10/2015 Leonardo Corrêa

O Brasil sempre foi uma colônia de exploração, altamente cartorária e repleta de “amigos do Rei”.

Algo mudou? Sinceramente, acho que não. Continuamos com um fetiche doentio por carimbos e nossas elites vivem buscando gordas esmolas do poder central.

Perdemos várias oportunidades de nos livrar dessa herança maldita. Mas, nosso patrimonialismo nefasto continuou a nos assombrar. Antes um fantasma, e, agora, um monstro pavoroso.

A lambança político-econômica que enfrentamos tem a sua raiz em nossa incapacidade de superar os males da colonização. Vivemos, também, sucessivos regimes populistas, demagogos e totalitários – desprezando que o dinheiro dos outros acaba.

Esse foi o nosso caminho, ao invés de traçar uma linha reta para uma República Democrática de Direito, optamos por viver em círculos. Nosso país é um carrossel, gira, gira, gira e termina sempre no mesmo lugar. É certo, contudo, que tivemos lampejos de esperança.

O principal deles foi o Plano Real, que, efetivamente, tirou milhões de pessoas da miséria. Vale lembrar – principalmente para os que são jovens – que, antes do Real e da Lei de Austeridade Fiscal, vivemos um período pavoroso de hiperinflação.

Sabem o que era isso? O que se comprava no início do mês era impossível de se adquirir no final. Trocando em miúdos, quando o mês terminava, os salários valiam 80% a menos. Na clara expressão de Roberto Campos: “a inflação, que durante muito tempo assolou a população brasileira [criou] os ‘com moeda’ e os ‘sem moeda’”.

Os “com moeda” recebiam seus respectivos salários, e, imediatamente, aplicavam no overnight; os “sem moeda” corriam para os supermercados, para, pelo menos, ter o que comer. Ao acabar com a inflação, o Plano Real tirou milhares de pessoas dessa situação horrorosa.

Foi muito mais do que os “Bolsas” Lulopetistas. Agora, mudando o rumo da prosa, vejamos o que ocorreu com os Estados Unidos da América. A Inglaterra enviou para lá os protestantes que foram perseguidos em razão da religião. Não entrarei nos detalhes desse momento histórico, pois esse texto ficaria longo demais.

Pois bem. O que fizeram os americanos que foram para o – assim chamado – Novo Continente? Eles empreenderam com ampla liberdade e começaram a produzir riquezas. Seus valores eram a Liberdade e o Trabalho.

Alerto, também, que não tratarei da sórdida escravidão, que, como todos sabem, também ocorria aqui em Pindorama. A partir da Liberdade e do Trabalho, os americanos foram mais além. Eles derrubaram a Coroa Britânica e fundaram um país repleto de ideias calcadas na Liberdade.

Não foi por outra razão que, na declaração de independência, Thomas Jefferson escreveu, talvez, uma das construções mais importantes da Revolução Americana, na Declaração de Independência de 1776: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade.

Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para lhe realizar a segurança e a felicidade.

(…)Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança.” (tradução Ligia Filgueiras).

Modestamente, na minha opinião, foi isso que faltou ao Brasil. Não construímos ideias que permitissem a fundação de instituições fortes, e, para tanto, uma nação precisa de valores sólidos e mais fortes que as ideias inscritas nos papeis e documentos.

Ressalto, nesse passo, que valores são criados a partir de um consenso livremente convencionado. Decretos, meus caros, são inúteis para isso. Há algo de NOVO no ar. Um partido, com ideias focadas no indivíduo, foi reconhecido pelo TSE.

Qual será o resultado? É impossível prever. Todavia, aparentemente, temos uma vela na escuridão. A sordidez política e a incompetência econômica só terão fim com ideias e homens de ação. Nada de pegar em armas. Precisamos, no fundo, da pena, de palavras, de explicações e debates.

O Brasil não tem mais tempo para a imposição de concepções ultrapassadas. Repetir os nossos próprios erros é uma flagrante estupidez. Precisamos, mais do que tudo, criar um grande e livre mercado de ideias, opiniões e, acima de tudo, propostas.

Chega de girar, eternamente, em um carrossel. Pindorama depende do contraponto para crescer, e, por óbvio, menos carimbos e menos “amigos do Rei”.

* Leonardo Correa é Advogado e LLM pela University of Pennsylvania, articulista no Instituto Liberal.



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