Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Para que serve, afinal, o ensino de História?

Para que serve, afinal, o ensino de História?

17/01/2016 Daniel Medeiros

Para entender.

Entender por que tivemos habitantes nesse território há milhares de anos e só termos sido "descobertos" em 1500;

entender por que havia milhões de habitantes nas primeiras décadas após o tal "descobrimento" e depois disso ficaram restritos a algumas dezenas de milhares;

entender por que é comum falar em "descobrimento do Brasil" se não havia um "Brasil"; entender por que os negros e os índios "contribuíram" na formação da sociedade brasileira se, em boa parte da história após o "descobrimento", essas populações formavam a maior parte da população;

entender por que Domingos Calabar foi o primeiro "traidor" da pátria se ele viveu em uma época na qual o território que hoje é parte do Brasil pertencia à Espanha e estava sob domínio holandês.

Entender por que D. Pedro I era português e nobre e foi a pessoa que trouxe a "independência" ao Brasil;

entender por que, logo depois, ele fecha a constituinte e impõe um texto feito sob encomenda, manda matar seus desafetos, envolve o país em uma guerra inútil com a Argentina, arruína a economia nacional, é praticamente expulso e , até hoje, seu nome é lembrado em um feriado nacional;

entender por que seu filho, D. Pedro II, manteve a escravidão por 48 dos 49 anos que governou e, mesmo assim, é conhecido como um sábio;

entender por que a República não teve participação popular; por que uma das primeiras medidas do governo de Deodoro foi censurar a imprensa; por que, durante a República Velha, a questão social "era um caso de polícia"; por que Getúlio Vargas é lembrado e homenageado mesmo tendo sido um ditador sombrio e violento na maior parte de seu governo;

entender por que, na primeira experiência democrática do país, entre 1946 e 1964, dos cinco presidentes, um se matou, outro renunciou e outro foi derrubado.

Entender por que Castelo Branco assumiu prometendo uma transição rápida e os militares ficaram 21 anos no poder; entender por que a lei de anistia passou, apagando também os crimes dos torturadores;

entender por que as Diretas Já não foram nem para votação, depois de milhões de pessoas terem dito "queremos votar pra presidente";

entender por que os planos econômicos de Sarney e Collor não deram certo e ninguém foi responsabilizado por isso;

entender por que os preços pagos pelas estatais vendidas no governo Fernando Henrique foram tão baixos;

entender por que o PT prometeu um governo ético e caiu na vala comum das transações mesquinhas.

O entendimento é a razão de se ensinar e aprender História. Entendimento que passa a funcionar como orientador em relação ao futuro. Chave de compreensão e definição de posturas.

Afinal, estamos no mundo para mantê-lo e para transformá-lo. E, para isso, precisamos entender o que se passou até aqui. Como quem chega a um filme começado.

Como quem chega atrasado em uma reunião. Como quem não estava prestando atenção e por isso perdeu uma oportunidade importante. A História é esse resgate e, ao mesmo tempo, esse roteiro.

Entender o que se passou para compreender a bagunça do presente e balizar as ações. Por que o agir é a razão de existir no espaço público.

E o agir é a Política. E para agir é preciso entender. E por isso é que é tão importante o ensino da História. Simples assim.

* Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica pela UFPR e professor de História do Brasil no Curso Positivo.



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves