Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Ideologia e Livro Didático

Ideologia e Livro Didático

28/10/2016 Celso Klammer

Perceber a presença da ideologia no livro didático é detectar também esta presença em qualquer aspecto da vida humana.

Como diria o velho Gramsci, filósofo italiano, “viver significa tomar partido. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário”.

Ou seja, precisamos ter clareza do conjunto de ideias que dão sustentação à nossa forma de pensar, de sentir e de agir porque a nossa consciência é construída a partir de discursos assimilados no conjunto de todas as relações sociais. São estes aspectos que dão um direcionamento às nossas mais diferentes concepções de mundo, sejam sobre religião, família, estética, educação, ensino ou livro didático.

Contudo, para compreender melhor estas questões, é preciso resgatar, ainda que brevemente, o conceito de ideologia que, segundo Karl Marx (1818-1883), possui a função de ocultar a verdadeira realidade. Considerando esta abordagem, precisamos entender agora sobre a função do livro didático.

Em primeiro lugar, ele precisa ser entendido como parte da história cultural da nossa civilização. Em segundo lugar, ele é o objeto do processo de ensino e aprendizagem e, nesse contexto, há vários sujeitos: o autor, o editor, a escola e, sobretudo, os professores e alunos.

É impossível que a ação destes sujeitos na produção e na relação com o livro didático seja neutra ou isenta de valores, crenças e opiniões. Como afirma o pesquisador Charrtier, “não existe nenhum texto fora do suporte que o dá a ler, que não há compreensão de um escrito, qualquer que ele seja, que não dependa das formas através das quais ele chega ao seu leitor”.

Como diz Hobsbawm, historiador inglês, “é impossível uma ciência puramente objetiva e isenta de juízos de valor [...]”. Portanto, o livro didático está carregado de valores, crenças e opiniões sejam sobre mulher, homem, família, sexualidade, etnia, religião, enfim, tudo que faz parte do fazer e do pensar da nossa humanidade.

A abordagem destes temas depende da bagagem e da concepção que os sujeitos envolvidos possuem. É preciso compreender a forma como os livros são produzidos, distribuídos e adotados. No entanto, é imprescindível destacar a importância do professor nesse contexto.

Ele também possui crenças e valores que dão sustentação a sua prática em sala de aula e, particularmente, sua relação com o livro didático. Tomar consciência destas crenças é perceber o caminho que norteia a sua prática, é estabelecer conexões com os fenômenos que se apresentam cotidianamente, é estar sintonizado com o seu fazer e o seu pensar pedagógico, tendo claro o perfil de aluno que pretende formar e para que sociedade.

Uma forma de incrementar a ação do professor sobre a utilização do livro didático em sala e aula seria por meio da formação continuada. A docência é uma profissão - e como tal, precisa de uma formação específica e constante, como qualquer outra atividade profissional.

Esta formação consiste em cursos ministrados aos professores pelas instituições competentes, a fim de que possam expandir a reflexão e as formas de utilização do livro didático. Esses cursos podem proporcionar as trocas de experiências vivenciadas em sala de aula, reflexões para novas abordagens e, principalmente, contribuir para a autonomia deles na avaliação e seleção dos livros didáticos.

* Celso Klammer é doutor em Educação e coordenador do Programa de Formação Docente da Universidade Positivo.



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves