Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Patrimônio público ou encargo público?

Patrimônio público ou encargo público?

08/11/2016 José Pio Martins

“Custo de oportunidade” é um conceito importante para pessoas, empresas e governos.

Também é conhecido como “custo da renúncia”. O conceito está ligado à teoria das escolhas. Toda decisão implica escolha, e toda escolha implica renúncia.

O custo de oportunidade de alguma coisa é aquilo a que se renuncia para obtê-la. Vejamos o exemplo seguinte. Imagine que você ganhe R$ 15 milhões na loteria e seu cunhado propõe vender-lhe a pizzaria dele por esse valor.

Ele argumenta que a empresa dá lucro líquido anual de R$ 1,5 milhão, ou seja, 10% sobre o capital investido. A princípio, parece um bom negócio. Mas será? Para saber, você deve calcular o rendimento ao qual renunciará caso aplique seu dinheiro na compra da pizzaria.

Para calcular o valor do rendimento a renunciar, você deve considerar os juros de um título público livre de risco. Atualmente, o Tesouro Nacional paga 14,25% ao ano (a taxa Selic) em um título público – portanto, bem mais que os 10% de lucro da pizzaria.

Se você comprar a empresa para lucrar R$ 1,5 milhão/ano, estará renunciando a R$ 2,13 milhões de juros de um título do governo. Esse é o custo de oportunidade, raciocínio que deve ser aplicado na tomada de decisão de alocação de capital pelas pessoas, pelas empresas e pelo governo.

A arrecadação tributária do governo é uma fração da produção nacional e, como o orçamento público é limitado, o governo tem de fazer escolhas. O governante pode decidir aplicar R$ 10 bilhões na criação de uma empresa estatal de petróleo ou destinar esses recursos à saúde, educação etc.

O custo de oportunidade diz que, fazendo uma escolha, renuncia-se à outra. Assim, cabe indagar sob que argumentos o Estado gasta dinheiro do povo com empresas estatais. Um argumento é que as estatais são necessárias para o desenvolvimento nacional.

Outro é que elas são rentáveis e dão retorno ao Tesouro Nacional em forma de dividendos. Assim, o governo cumpre dois objetivos: incentivar o desenvolvimento e fazer programas sociais com os retornos do capital investido. Essa é a teoria. A prática, porém, é outra. Em grande parte, as estatais não dão lucro e, quando dão, pagam dividendos pífios ao governo. O governo perde duas vezes.

A primeira, quando decide investir dinheiro público em empresas e deixa de aplicar em programas sociais. A segunda, quando não recebe dividendos, que faltam para os mesmos programas. Atualmente, a discussão sobre a forma de cobrir o rombo e o roubo na Petrobras e sobre a mudança no regime de partilha do pré-sal está eivada de gritos dos amantes da estatização sob o argumento de que se trata de um patrimônio público, e nada deve mudar. Mas, que é patrimônio público?

Patrimônio é o que dá retorno. O que dá prejuízo é encargo. Nesse sentido, as estatais deficitárias são encargos públicos. A pobreza dos debates sobre essas questões no parlamento é um exercício de emagrecimento intelectual e uma demonstração de amor à mediocridade.

Ao brandirem argumentos indefensáveis, os estatizantes nos fazem acreditar que eles não têm argumentos aceitáveis. No caso específico da Petrobras, a coisa vai piorar. No futuro, o Tesouro Nacional (ou seja, todos nós) será chamado a cobrir o rombo deixado pela incompetência e pela corrupção.

* José Pio Martins é economista e reitor da Universidade Positivo.



Maria da Penha, a demora da Justiça e a real necessidade de mudança

No último dia 7 de agosto, o presidente do STF e do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, em nome do Poder Judiciário, fez um pedido de desculpas à ativista Maria da Penha pela demora e por falhas da justiça brasileira na análise do seu caso de violência doméstica.

Autor: Mayra Vieira Dias


Prometer pouco e cumprir muito pode transformar o país

A proximidade das eleições municipais é um momento propício para uma reflexão necessária dos brasileiros.

Autor: Samuel Hanan


Grau de maturidade sociopolítica e democracia

Cada vez mais doutrinadores têm defendido a tese segundo a qual a democracia e o chamado regime democrático constituem-se muito mais acertadamente em uma “resultante estrutural dialética”.

Autor: Reis Friede


Com Açúcar e com Penélope

Vira e mexe eu acabo implicando com uma feminista ou com alguns feminismos.

Autor: Marco Antonio Spinelli


É hora de o Brasil semear novas lideranças políticas

A recente polêmica sobre as condições físicas e mentais do presidente norte-americano Joe Biden, de 81 anos, para encarar um novo mandato, serve também para uma reflexão sobre a situação política no Brasil.

Autor: Samuel Hanan


A falsa inclusão e seus efeitos injustos na sociedade

A inclusão é uma das pedras angulares de uma sociedade justa e equitativa. Ela visa a valorização da individualidade de cada pessoa, reconhecendo tanto suas forças quanto suas limitações.

Autor: André Naves


Os próximos passos da Reforma Tributária

A promulgação da Reforma Tributária no final de 2023 marcou um momento importante para o Brasil.

Autor: Gino Paulucci Jr.


Machado de Assis antecipou o narcisismo dos nossos tempos?

Quem não quer ser célebre?

Autor: Adelmo Marcos Rossi


Um país de desacertos, ilusões e sofrimento

Passados mais de cinco anos do ápice da Operação Lava Jato, que desvendou o maior esquema de corrupção já registrado no Brasil, o país vive a fase final de revisionismo dos processos judiciais resultantes da extensa investigação.

Autor: Samuel Hanan


Maratona

Eu gostaria de ter escrito este artigo no dia 25 de julho. Como diz o ditado, “sempre que Deus vê nossos planos, Ele ri”. Também, pudera, os planos são Dele!

Autor: André Naves


Super especialista

De vez em quando me pego analisando as recordações da minha infância, da minha juventude e tentando perceber a quantidade de mudanças pelas quais todos passamos.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


O que a geração Z vai ser?

A faixa de 14 a 24 anos é a fase mais importante da vida, na qual afloram os sonhos por um mundo melhor, sadio.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra