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Let´s talk about Rio

Let´s talk about Rio

15/09/2017 Julio Gavinho

Somos todos, locais e gringos, vítimas da mesma miséria.

Michael Joseph Jackson foi um famoso cantor, compositor, dançarino, produtor, empresário e filantropo norte americano. Segundo a revista Rolling Stone faturou em vida cerca de sete bilhões de dólares fazendo dele o artista mais rico de toda a história.

Esteve no Brasil por três vezes, sendo a mais notória para gravar o clipe de “They don´t care about us” na favela Dona Marta, no morro de Santa Marta. Até ergueram uma estátua do popstar no mesmo lugar do clipe, uma no após sua morte.

A obra, produzida pelo artista plástico Estevan Biandani, retrata o cantor com o mesmo visual deste clipe, olhando pela favela. A laje também ganhou um mosaico do cantor feito pelo Romero Britto. O espaço que antes já era chamado de "Laje Michael Jackson" recebeu o nome do cantor oficialmente.

Esta semana, uma foto da estátua do cantor com um fuzil AR15 pendurado no pescoço, circulou pela internet e logo viralizou mundo afora. Atribui-se a traquinagem a quadrilha do bandido “mãozinha”, supostamente caçado pela polícia do Rio.

Interessante que este morro e seus bandidos estão sempre aí, na mídia com seus feitos “heroicos”, como já retratou o Caco Barcelos no seu fabuloso livro “Abusado”, nunca tão atual quanto hoje. Agora, o tráfico recrutou o pobre Michael, post mortem.

Ok, vamos cut the crap, como dizem os sumidos (ou fugidos) turistas norte americanos. Rio é o cartão de visitas do Brasil turístico. O que acontece no sovaco do Cristo repercute como uma caixa de ressonância em todo o Brasil, no que tange publicidade.

O que acontece com a sofrida população carioca repete-se no que acontece com turistas, em todas as circunstancias possíveis. Somos todos, locais e gringos, vítimas da mesma miséria. “Miséria é miséria em qualquer parte”, nos ensina o Paulo Miklos.

Chega de pombas brancas, chega de passeata, chega de político acusado ou condenado por corrupção lambendo a miséria deste povo. O carioca não tem mais a quem recorrer, senão aos espectros do MP que ainda mantém uma pouca dignidade no trato com a coisa pública.

Não podem meus conterrâneos, contar com a polícia que está entregue as baratas e que foi tratada com raiva pelos governos de esquerda. Quer confirmar minha tese? Visite o caustico hospital da PM para onde vão policiais e familiares em caso de perfuração à bala ou de resfriado nos filhos.

Não iria tão longe a ponto de dizer que este abandono empurrou a massa grossa da PM do Rio à criminalidade, mas vá: “pau que dá em Chico dá em Francisco”. Se a miséria empurra o jovem favelado para a criminalidade, porque não o servidor de 19, 20, 21 anos, com uma arma na cintura? Estamos na hora da verdade.

Como no título e na violência sociológica do filme "Precisamos falar sobre Kevin" de 2011, aonde uma mãe (turismologa!) enfrenta o inferno de viver na comunidade aonde seu filho atirou e matou colegas e professores da escola, precisamos falar sobre o Rio de Janeiro. Chega de romantismo idiota para reerguer o lugar mais belo do mundo.

Olhemos o Rio como ele é: chega de esconder a maldade e vilipêndio de seu povo embaixo do tapete de uma cansada beleza que já não encanta nem audiência de novela. Só a intervenção federal ampla oferece o horizonte plausível.

Na minha época de Rio Convention & Visitors Bureau, entre 93 e 97, rodávamos o mundo promovendo o Rio e suas belezas, mas já sabíamos que a natureza não encheria a barriga de um setor produtivo inteiro.

Por isso criamos o conceito de capital tropical da cultura com música, arquitetura, história e gastronomia para fortalecer um destino completo e não um balneário. Depois, junto com a EMBRATUR (saudades do Caio Carvalho), demos outra volta no mundo com o programa "My Rio" aonde mostrávamos uma cidade de todos os sotaques, todas as vontades e diversa social e culturalmente.

Fomos um grupo pequeno, quase quixotesco, capitaneado por grandes empresários como o João Nagy e Chico Havas, e apoiados pela VARIG e pelas embaixadas do Brasil na yellow brick road do mundo.

Se eu fosse sair em road show de novo, para vender o Rio junto aos grandes operadores e organizadores de eventos internacionais, não saberia o que dizer. Ficaria mudo, tal qual aquela dona Eva do filme. “Let´s talk about Kevin”? Não: Let´s talk about Rio.

* Julio Gavinho é executivo da área de hotelaria com 30 anos de experiência, fundador da doispontozero Hotéis, criador da marca ZiiHotel, sócio e Diretor da MTD Hospitality.



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