Portal O Debate
Grupo WhatsApp

PPI: Se a divergência é natural, a inércia é mortal

PPI: Se a divergência é natural, a inércia é mortal

25/09/2017 Ricardo Inglez de Souza

Sugestões de melhoria e mesmo divergências são esperadas, mas certos limites devem ser respeitados.

PPI: Se a divergência é natural, a inércia é mortal

Afastando-se de uma perspectiva maniqueísta, é possível afirmar que o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do Governo Federal é uma iniciativa juridicamente factível e socioeconomicamente muito desejada.

Os diversos projetos pretendidos pelo PPI resultarão em concessões ou outras modalidades de transferência da gestão de agentes do governo para o setor privado. Recentemente ficou confirmado que esse esforço deverá incluir, entre outros, o aeroporto de Congonhas, Brasília, Guarulhos, terminais portuários, lotes de transmissão de energia e até mesmo a loteria.

Criado em 2016, o PPI, segundo informações do Governo, realizou duas reuniões, as quais resultaram na qualificação de 89 empreendimentos, dos quais 49 tiveram leilões realizados ou contratos assinados. Na terceira Reunião foram incluídos novos projetos que, somados, representarão R$44 bilhões de investimentos. O PPI, diga-se de passagem, não criou nenhuma modalidade inovadora de contratação com o Estado.

Pelo contrário, usando formas já consagradas, organizou uma agenda institucional que propõe o necessário desenvolvimento de projetos, principalmente na área de infraestrutura. Há a preocupação, inclusive, com a análise do impacto regulatório dos projetos e o governo, nesse sentido, tem se esforçado para coordenar as ações das diversas autoridades, harmonizando marcos legais e políticas de estado e governo.

No entanto, o programa sofre diversas críticas. Muitas delas são frutos da associação entre criador e criatura. Segundo alguns críticos, se o governante é questionável, toda iniciativa dele originada estaria maculada. A natureza maniqueísta desse tipo de oposição acaba gerando descrédito por ela mesma. De qualquer forma, se a autoridade é competente não deve ser a popularidade (ou sua falta) que deve afetar a legalidade da iniciativa.

Outra modalidade de crítica é a que sugere outros desenhos legais possíveis para um projeto qualificado. Embora não se possa afastar a validade dessas opiniões, esse diletantismo pode ter espaço no ambiente acadêmico, que não tem obrigação de resultar em efetivo e imediato bem-estar social. Porém, para a Administração Pública, a utópica busca da perfeição pode implicar uma inércia prejudicial ao desenvolvimento da sociedade e ao bem-estar do cidadão.

A provocação que se faz é a de que haja maior pragmatismo nas discussões jurídicas para o bem da segurança jurídica e para o desenvolvimento do País. Grupos sociais e partidários ferrenhos opositores das privatizações dos anos 90, incluíam em suas teses projetos alternativos, modalidades diferentes, mas igualmente factíveis do ponto de vista jurídico.

Quando chegaram ao poder, estavam tão aprisionados à cobrança da famigerada e utópica perfeição que não foram capazes de implementar projetos fundamentais para incorporar e modernizar a infraestrutura necessária ao País. Os projetos de privatização dos anos 90, diga-se de passagem, por mais que se queira questionar a idoneidade dos governantes da época, inegavelmente fizeram evoluir os serviços prestados aos cidadãos e atraíram novas tecnologias e investimentos ao nosso mercado.

E, evidentemente, havia uma grande variedade de outras formas juridicamente possíveis para se formatar a mesma iniciativa de privatização. O pragmatismo jurídico que se propõe não deve ser confundido com qualquer hipótese de concessão moral ou mesmo jurídica. Se houver corrupção, desvios de finalidade ou se o projeto for flagrantemente ilegal, a sociedade não deve permitir sua sustentação.

Porém, aniquilar apriori a hipótese de evolução social por preciosismos jurídicos não parece o melhor serviço que o Direito pode proporcionar para a Sociedade. As iniciativas anunciadas pelo governo do Município de São Paulo sofrem do mesmo assédio e, em relação a tais críticas, o mesmo cuidado e os mesmos critérios devem ser observados.

Sugestões de melhoria e mesmo divergências são esperadas e salutares, mas a dose e certos limites devem ser respeitados. Caso contrário, como defendia Paracelsus, essa postura vira veneno e gera a inércia que impede o progresso do País.

* Ricardo Inglez de Souza é advogado especialista em Concorrência, Comércio Internacional e Compliance e sócio do IWRCF Advogados.



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira