Não votar neles!
Não votar neles!
Todos nós que, um dia, clamamos pelo fim da impunidade, temos de admitir que o Brasil está mudando.
Estão hoje encarcerados ex-governadores, ex-ministros e parlamentares presos dentro da casa onde cumprem seus mandatos. Existem ex-presidentes processados e um deles já condenado e ameaçado de prisão.
Até o atual presidente da República é alvo de denúncias que terá de responder assim que terminar o mandato. O território outrora inexpugnável dos gabinetes e das residências dos figurões investigados agora é frequentemente tomado pelos policiais que, além de prender ou conduzir coercitivamente o titular, ainda vasculham as dependências e apreendem documentos, computadores e outros objetos que possam interessar ao processo.
Essa forma de trabalhar já mereceu contestações, mas continua. Além de arrestar provas e conduzir o envolvido até a repartição policial mais próxima, a revoada também informa à população pormenores dos crimes cometidos. Esse procedimento super ativo é possível porque antes de ir em busca daquilo que necessitam, as investigações revelam o que e onde buscar.
Concluídas as investigações, foram poucos os que conseguiram se safar. A maioria está presa, em prisão domiciliar ou obrigada a usar tornozeleira. Queiram ou não, presidentes, governadores, senadores, deputados, executivos e atravessadores que um dia participaram dos esquemas de fraude às licitações e de outros saques e descaminho do dinheiro público, serão alcançados.
É o caminho natural aberto pelo sistema de delação premiada. Em troca do abrandamento da pena, os envolvidos já processados revelam o nome dos seus comparsas. É uma corrente cujos elos vão sendo puxados. A tendência é que muitos envolvidos ainda venham a ser identificados, processados e até presos. A Lava Jato e suas paralelas nos sugerem um Brasil novo.
É certo que se não forem abortadas - acreditamos que não o serão, pois a limpeza e a seriedade nas coisas públicas tornaram-se irreversíveis - enveredarão por estados e municípios, onde os métodos de corrupção não diferem e poderão ser até maiores do que os encontrados em nível federal. Espera-se que todos os devedores sejam chamados a pagar suas dívidas e que a execução da pena de cada um seja a mais justa possível. Nem mais nem menos do que devem.
Também é de se aguardar que o eleitor não coloque tudo a perder votando nos contumazes desordeiros políticos. Para político corrupto, maior do que a condenação emitida pelo Judiciário é a ausência de votos nas urnas.
Depois de condenados, os corruptos não poderão se apresentar como candidatos, mas devido a morosidade da Justiça – abarrotada de processos – boa parte deles ainda conseguirá candidatar-se em 2018. É aí que entra a decisão patriótica do eleitor: não votar neles...
* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).