Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A medida do descenso

A medida do descenso

10/01/2018 Emerson Alberti

O cenário político brasileiro é de reformas.

Em pouco mais de um ano de governo, o presidente Michel Temer já enviou ao parlamento 83 propostas, entre elas as reformas do ensino médio, da Previdência e a trabalhista, além da PEC que limita os gastos públicos.

Segundo levantamento do Centro de Documentação e Pesquisa da Câmara, deste total, mais da metade das propostas (54) é de medidas provisórias, que tramitam em regime de urgência.

No meio de tantas propostas, com o Projeto Crescer, anteriormente denominado de “Ponte para o Futuro” e divulgado ainda durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Temer visava fomentar o investimento privado em áreas estratégicas do país, tendo como contrapartida as privatizações no setor elétrico, concessões de infraestrutura e leilões para exploração de recursos naturais – em especial aqueles ligados ao petróleo do pré-sal.

Com isso, almejava-se arrecadar R$ 24 bilhões só em 2017, o que representava cerca de 15% de todo o déficit primário para 2017 e 2018, somado em R$ 159 bilhões. Mas, embora os leilões do petróleo tenham sido marcados pelo “euforismo” por parte do governo, do total de 287 blocos postos à venda, apenas 37 (13%) foram arrematados e muitos receberam proposta única, o que gerou uma renda de R$ 3,84 bilhões (pouco mais de 2,4% do déficit primário).

Em paralelo aos leilões, o governo editou a Medida Provisória 795/2017, que instituiu um regime tributário especial para as atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos. Essa medida de descenso isenta as empresas produtoras de petróleo de pagar impostos que, segundo especialistas, podem variar de R$ 300 bilhões a R$ 1 trilhão em um período de 25 anos – o equivalente a R$ 12 bilhões por ano, na melhor das hipóteses.

Baseado nesse sofismo matemático equacionado pelo governo, fica evidente que o cobertor ficou curto. Além de perdermos as receitas dos impostos devido à benevolência do governo, aumentaremos a sujeira em nossa matriz energética com mais de 75 bilhões de toneladas de CO 2 que, se librados na atmosfera, acabariam com a chance do mundo de limitar o aquecimento global a 1,5º C – sem considerar que o Brasil já ocupa a 7ª posição no ranking dos países mais poluidores do mundo.

A benevolência fiscal não atinge, por exemplo, o segmento das energias renováveis. Se quisermos cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, de reduzir 30% das emissões até 2020, o governo precisa rever as políticas para o setor de energia. Não serão apenas os leilões de novos empreendimentos hídricos, eólicos, biomassa ou solares que compensariam a benevolente MP 795/2017.

Seria, no mínimo, coerente estendê-la também às energias limpas. Por fim, vem o impacto no consumidor, pois alguém tem de pagar pela benevolência! Pagaremos uma conta multidimensional sem precedentes neste país: educação, saúde e segurança, entre outros. A conta de energia, que continua uma das mais caras do mundo, mesmo com a nossa matriz energética sendo a mais limpa do planeta, continuará alta.

Prova disso é o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) decidir manter a operação de térmicas mais caras, apesar de uma melhora na expectativa de chuvas – a usina hidrelétrica de Itaipu abriu suas comportas para escoar o excedente de água em seus reservatórios.

* Emerson Alberti é doutor e mestre em Engenharia e Ciências dos Materiais, professor do curso de Engenharia de Energia da Universidade Positivo (UP).



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira