Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Sinal de alerta para a Engenharia brasileira

Sinal de alerta para a Engenharia brasileira

02/04/2018 Luiz Pladevall

A Engenharia brasileira enfrenta um momento crucial capaz de mudar o destino de milhares da área.

A redução ou falta de investimentos verificada nos dois últimos anos, assim como as novas concepções de políticas públicas propostas para o Brasil nos próximos anos estão comprometendo gravemente este cenário que se avizinha caótico no curto e médio prazo.

Vários setores importantes para a economia e a manutenção do desenvolvimento no país tiveram seus investimentos reduzidos a quase zero. Vejamos o caso do saneamento básico (água e esgotos). Ainda hoje, 45% da população brasileira convive sem tratamento do esgoto e 70% dos 5.570 municípios têm tratamento de esgoto com, no máximo, 30% de eficiência.

Assistimos passivamente à eliminação de investimentos e recursos para o setor, com a redução drástica de financiamentos no governo do presidente Michel Temer, promovendo o estrangulamento das empresas públicas da área.

Para se ter uma ideia dos cortes promovidos, o país vinha investindo uma média de R$ 9 bilhões por ano na rubrica saneamento, apesar dos estudos apontarem a necessidade de aplicação de recursos na ordem de R$ 25 bilhões ao ano para alcançar a universalização dos serviços até 2033.

Até mesmo a Sabesp, a maior empresa de saneamento da América Latina, vem passando por profundas transformações capazes de afetar o abastecimento de água, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Devemos observar, ainda que, desde 2012, ela vem reduzindo drasticamente os investimentos em projetos. Naquele ano, a Sabesp licitou aproximadamente R$ 103 milhões nessa rubrica (projetos e consultoria), mantendo em R$ 105 milhões em 2013.

Já em 2014, apenas R$ 73 milhões foram destinados para licitações de estudos e projetos, valor que caiu para R$ 12 milhões em 2015, em plena crise hídrica vivida pelo Estado. Em 2016, foram licitados apenas R$ 5,3 milhões para projetos. Em contrapartida, em 2016, a Sabesp obteve um lucro líquido de R$ 2,95 bilhões.

Na contramão da forte redução dos investimentos em novos projetos e consultoria, os gastos da Sabesp com publicidade nesse ano foram de R$ 50,8 milhões, ou seja, quase 10 vezes mais que em licitações de projetos.

ara agravar este quadro, salientamos que, assim como outras estatais, para atender a demanda de novos empreendimentos, a empresa vem adotando a contratação por meio do Regime Diferenciado de Contratação de Obras Públicas (RDC), em vez de optar pela Lei nº 8.666/93. A principal deficiência dessa modalidade de contratação é deixar para uma mesma empresa todas as fases do empreendimento, desde os projetos até a entrega final do objeto de contratação.

O RDC integrado traz ainda a possibilidade de contratação de estudo ou projeto de engenharia apenas por critérios financeiros, ou seja, pelo menor preço. As licitações que envolvem desenvolvimento tecnológico e expertise não podem ser conduzidas apenas por essa lógica.

A economicidade de uma solução de engenharia deve considerar as três condicionantes: implantação, operação e manutenção, o que se obtém com estudos profundos e qualificados. As consequências lógicas de todo este processo serão, além das perdas de tecnologia, as perdas econômicas e financeiras e de centenas de milhares de postos de trabalho de profissionais qualificados de nível superior e de nível médio.

Em suma, regrediremos à primeira metade do século passado em termos de desenvolvimento tecnológico da Engenharia, com todos os prejuízos decorrentes do desmonte da Engenharia brasileira.

* Luiz Pladevall é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) e vice-presidente da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).

Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves