Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O Brasil precisa de investimento

O Brasil precisa de investimento

13/05/2018 José Velloso

Toda caminhada começa com um primeiro passo.

A volta do crescimento econômico no Brasil pode ser comparada a essa metáfora. O caminho é longo, muito longo, mas o primeiro passo precisa ser dado e precisa ser assertivo, consistente e duradouro.

O crescimento do Brasil e o fim da mais longa recessão da história econômica brasileira precisa de um passo consistente, não de aumento eventual de consumo. Essa matriz econômica vimos no passado recente e “deu no que deu”.

O crescimento pelo consumo pode dar certo por um tempo, mas não garante crescimento sustentado ao longo do tempo. Para gerarmos um ciclo virtuoso de crescimento efetivo, geração de empregos e renda para os brasileiros precisamos de investimentos.

“O investimento de hoje será o crescimento de amanhã”. Esta frase é aceita por qualquer economista. Para que o Brasil tenha uma série de crescimentos da ordem de 2,5 a 3% ao ano, precisaríamos ter uma taxa de investimento da ordem de 23 a 24% do PIB ao ano.

No entanto, estamos com uma taxa de investimento entre 15 e 16% do PIB, o que é muito baixa, muito aquém do que o Brasil precisa. Apesar da inflação controlada, da queda dos juros da taxa Selic, da volta, mesmo que ainda lenta, do emprego e o Brasil apresentando crescimento de 1% do PIB em 2017, com perspectiva de aumento perto de 3% em 2018, o indicador da Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimento) continua muito baixo.

Se continuarmos com uma taxa tão baixa, estaremos contratando o “não-crescimento” nos próximos anos. Teremos mais um voo de galinha. Na verdade, sabemos que o próprio governo criou nós que terão de ser desatados.

Um deles é a PEC do Teto dos Gastos Públicos (Proposta de Emenda à Constituição 55/2016 ) que, a partir de 2018 e durante 20 anos, prevê que os gastos federais só poderão aumentar de acordo com a inflação acumulada conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Como o orçamento é menor do que os gastos correntes, Nação, Estados e Municípios forçosamente terão que cortar investimentos. Outro problema – e não menos importante – responde pelo nome de Medida Provisória 777, que foi arduamente combatida pela ABIMAQ e­ introduziu a TLP (Taxa de Longo Prazo) em substituição à TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). A TLP, que está fixada em 6,76% para 2018, é um índice que compõe as taxas de juros das linhas de financiamentos do BNDES.

A taxa de juros do Finame é calculado pela somatória da TLP, mais del credere do BNDES de 2,1% e mais o “spread” dos bancos repassadores. Hoje em dia o Finame custa, em média, 14 a 15% ao ano. Muito acima do retorno dos investimentos. Nas operações diretas do BNDES (financiamentos acima de R$20 milhões) o custo médio é de 12% ao ano. Também muito alto. Com o detalhe que o BNDES financia somente 50% do empreendimento.

Os investimentos também estão prejudicados em função da grande alavancagem das grandes empresas no Brasil. Quando uma empresa investe com capital próprio, ela, na verdade, está utilizando lucros acumulados.

Ora, se as grandes empresas não têm conseguido lucratividade nos últimos anos, como investir? Como é de conhecimento geral, grandes empresas estão “desinvestindo” com o objetivo de “desalavancarem” seus balanços.

Em resumo, para que a retomada caminhe a passos mais vigorosos e a iniciativa privada possa investir, o Governo – tanto o atual como o que será empossado em 2019 – precisa oferecer alternativas ao alto custo do financiamento.

Um caminho seria diminuir a remuneração do BNDES (Del Credere) e transferir as operações indiretas para diretas, tirando o banco repassador do processo e com isso acabando com o spread. Seria uma forma de diminuir os juros do Finame e também das operações diretas. As taxas poderiam chegar à 11% e 9% respectivamente.

Na prática, o Governo – este ou o próximo – terá de regular o setor financeiro. Até agora os governos só agiram em detrimento da indústria, buscando o sonhado ajuste fiscal através deste setor.

Agora, terão de tomar medidas que irão afetar o setor financeiro – para acabar com o maior spread bancário do mundo e aumentar a concorrência entre os bancos no Brasil – e melhorar as taxas de juros do BNDES e do Capital de Giro das empresas. Só assim atingiremos um crescimento sustentável. Através do investimento.

* José Velloso é engenheiro mecânico, administrador de empresas e presidente executivo da ABIMAQ / SINDIMAQ.

Fonte: Vervi Assessoria



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira