Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O processo de acesso ao ensino superior

O processo de acesso ao ensino superior

06/06/2018 Daniel Medeiros

Entrar na Universidade não é um fim. É uma escolha.

O processo de acesso ao ensino superior

Nos países de clima frio, em muitas residências, as pessoas entram e deixam suas pesadas roupas em um estreito corredor que dá acesso à sala. É o vestíbulo. Desde sempre é assim.

Com o tempo, essa palavra tornou-se também o sinônimo de um processo de seleção e também um ritual de passagem entre o mundo da rua e o mundo do conhecimento acadêmico, a Universidade.

Estamos falando do vestibular. É, de fato, uma interessante apropriação do termo. Afinal, para os jovens, o ingresso na vida adulta é sempre uma mudança importante e os rituais dessa passagem servem para marcar a memória desse acontecimento. Principalmente porque não é fácil. O caminho é estreito.

Vale também lembrar que, no início das universidades italianas, nos séculos XI -XII, os jovens que eram aceitos em suas salas de aula tinham os cabelos raspados, por uma questão de higiene. Aí vemos como há costumes que continuam a fazer sentido. E outros não. E então, temos hoje os vestibulares.

Para alguns cursos, como a Medicina, por exemplo, a concorrência é altíssima e o desempenho nas provas deve beirar a perfeição. E, para isso, há todo um preparo. Que pode levar anos.

O sonho de ingressar em uma universidade de qualidade é algo que muitos pais alimentam para seus filhos desde os primeiros anos de escolarização. E tentam prepara-los desde muito jovens para esse momento.

A lógica é simples; poucas vagas e muita procura leva à necessidade da seleção. E seleção exige preparo. Aliás, temos na palavra “seleção" outra apropriação interessante. País do futebol que somos, sabemos que a “Seleção" é só para os melhores. E quantos disputam as poucas vagas que um time oferece para jogar uma Copa do Mundo?

E vem o outro lado: estresse, angústia, sofrimento e, muitas e muitas vezes, a desilusão. O que leva muita gente a discutir se isso é realmente necessário. Por que provas tão longas e extenuantes, em tempos tão exíguos, com tão poucas vagas? Uma reflexão importante: selecionar é necessário. Não seria se o número de vagas fosse igual ao de pretendentes.

Imagine um time de futebol com cinco mil jogadores! A pergunta, então, é: como fazer uma boa seleção? Há muitas faces para essa questão. Para muitos, as provas são boas porque condicionam, em um efeito cascata, o ensino Médio e o Fundamental.

Por outro lado, muitos educadores criticam essa vinculação, afirmando que a Educação das crianças e jovens não pode estar voltada para o vestibular, mas para a preparação para a vida.

Ao longo dos anos, porém, a inclusão da Redação, depois as provas discursivas, os temas vinculados à cidadania, provocaram mudanças nos conteúdos, na formação dos professores e no jeito de se relacionarem com os estudantes que os aproximou bastante das importantes questões… da vida. Enfim, uma polêmica.

Penso que os vestibulares deveriam ser mais ousados. E, para isso, os professores universitários deveriam voltar seus olhos para o Ensino Médio, conhecer melhor esses jovens, e projetar avaliações para mobiliza-los em relação aos valores que a Universidade quer ver expressos neles.

Provas que exijam conhecimentos sociais, artísticos, históricos, por exemplo. Mas também o grau de contato com os avanços das ciências. E tudo isso permeado pela língua, por meio da qual esses outros conhecimentos se expressam. Ler e escrever. Compreender e interpretar. Argumentar e propor, com fundamentos e criatividade. Quem não gostaria de um jovem com essas qualidades?

E então por que não selecioná-los com base nesses parâmetros? Mas há outras experiências que as Universidades poderiam estimular. Envolvimento comunitário, trabalho voluntário, propostas sociais locais, participação nas discussões do planejamento da cidade, entrevistas individuais e em grupo.

Ou seja, selecionar um jovem que pensa e que age. Entrar na Universidade não é um fim. É uma escolha. As escolas devem, realmente, preparar para a vida. Mas para os que querem colocar nas suas vidas essa escolha, os vestibulares devem estar à altura desse ritual de passagem.

Como na época que sonhávamos trocar os shorts pelas calças compridas, a lancheira pelo dinheiro para comprar na cantina, a carona com a mãe acenando na porta pela passagem do ônibus. Como sentar na mesa dos adultos. Quem já viveu tudo isso, entenderá.

* Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica pela UFPR e professor de História do Brasil no Curso Positivo.

Fonte: Central Press



O Brasil enfrenta uma crise ética

O Brasil atravessa uma crise ética. É patente a aceitação e banalização da perda dos valores morais evidenciada pelo comportamento dos governantes e pela anestesia da sociedade, em um péssimo exemplo para as futuras gerações.

Autor: Samuel Hanan


Bandejada especial

Montes Claros é uma cidade de características muito peculiares. Para quem chega de fora para morar lá a primeira surpresa vem com a receptividade do seu povo.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Eleições para vereadores merecem mais atenção

Em anos de eleições municipais, como é o caso de 2024, os cidadãos brasileiros vão às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Autor: Wilson Pedroso


Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil