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Filial na Alemanha para disfarçar origem brasileira

Filial na Alemanha para disfarçar origem brasileira

29/08/2018 Alexander Busch (DW)

Empresários brasileiros estão abrindo filiais para a expansão mundial dos negócios – mas também para contornar o estigma do Brasil no exterior.

Filial na Alemanha para disfarçar origem brasileira

Como se dissolve açúcar mascavo em água com uma temperatura de 20ºC para que a limonada, no final do processo, fique transparente? O engenheiro brasileiro Tiago Gusson Etges, de 34 anos, conseguiu resolver a questão há dez anos com seus dois parceiros: juntos, os engenheiros desenvolveram uma dúzia de máquinas no sul do Brasil. Hoje elas são onipresentes na indústria de bebidas: 85% das engarrafadoras do país usam essa tecnologia.

Etges e sua empresa, a E2PS, se garantem diante dos líderes globais do mercado. A vantagem dos brasileiros: "Somos mais flexíveis que os grandes", explica o pioneiro em sua área. Como fornecedor de um nicho, é possível desenvolver soluções específicas para os clientes e também aceitar pedidos menores que não interessam aos grandes consórcios: "Atualmente, no Brasil, não precisamos convencer ninguém de que temos qualidade", afirma Etges.

Porém, quando a E2PS quis expandir os negócios internacionalmente, a origem brasileira mostrou ser um problema. Em feiras da indústria de bebidas, engarrafadoras de todo o mundo até se interessavam pela empresa, mas o fato de ser um negócio do Brasil as desencorajava. "A competência da engenharia do Brasil não tem renome internacional", lamenta Etges, segundo o qual a confiança é extremamente importante na indústria alimentícia. Afinal, basta uma gota a mais de um concentrado, uma água repentinamente poluída ou uma higienização incompleta para que marcas – também as famosas – percam seu público-alvo da noite para o dia.

A saída para os brasileiros: abrir uma filial na Europa, mais especificamente na Alemanha. Há um ano e meio, Etges trabalha em Colônia com um parceiro. Desde que se mudou para o país europeu, a E2PS oferece máquinas e fábricas com o selo "Made in Germany".

Isso abriu praças novas e surpreendentes – até no mercado expandido do Brasil. "Empresas da Colômbia, do Chile, do Panamá não compram tecnologia brasileira", diz Etges, descrevendo o grave problema de credibilidade dos engenheiros brasileiros também na América Latina. "Mas, desde que passamos a desenvolver o nosso equipamento na Alemanha, esses países se tornaram clientes importantes."

Para Etges, as novas encomendas compensam o aumento de 20% nos custos de salários e engenharia que ele precisa pagar na Alemanha, em comparação com o mercado brasileiro. Também na sede em Porto Alegre, mais de dois terços das máquinas da empresa são compostos por peças importadas.

Por enquanto, o engenheiro quase não vende para o mercado alemão ou da Europa central. Ele passa metade de seu tempo viajando por países como Jordânia, Paquistão, Dubai e África do Sul. "É lá que estão nossos clientes – eles enfrentam os mesmos desafios que nós enfrentávamos no Brasil há 20 anos", diz Etges. "Temos as soluções perfeitas para eles."

A partir de Colônia, os engenheiros brasileiros podem trabalhar direta e velozmente com seus fornecedores e parceiros europeus – como, por exemplo, na montagem das máquinas. O serviço e a manutenção também ficaram mais fáceis: "Um técnico não precisa viajar meio mundo a partir do sul do Brasil para consertar um equipamento que deu defeito nos Emirados Árabes Unidos", exemplifica Etges.

Ele não é o único brasileiro que conseguiu fazer um upgrade na própria marca com investimento numa filial na Alemanha. Etges também decidiu se estabelecer em Colônia porque já há várias empresas brasileiras na região, como o consórcio químico Braskem, a empresa metalúrgica e de utensílios metálicos de cozinha Tramontina, a fabricante de motores elétricos Weg ou até a primeira filial estrangeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma das principais instituições de ensino de administração e pesquisa do Brasil.

O motivo para essa concentração em Colônia é que, desde 2011, a cidade é parceira do Rio de Janeiro, se preparou para receber empresas brasileiras e as ajuda a se estabelecerem na Alemanha. O Brazil Business Center Cologne (BBCC), um centro de negócios privado e apoiado pelo governo municipal de Colônia, cuida da burocracia para os empresários.

Michael Josipovic, responsável pelo marketing para empresas estrangeiras na área de incentivo à economia da prefeitura de Colônia, afirma que, atualmente, a maioria dos empresários estrangeiros que se estabelecem na cidade vêm do Brasil. Só os empresários chineses são mais ativos, diz ele. Já Ricardo Saavedra Hurtado, diretor do BBCC, diz que a tendência de mudança de empresas brasileiras para Colônia ficou bem mais forte com o início da recessão econômica.

Claudio Ribeiro também abriu uma filial de sua consultoria de marcas e design Sartre Gumo. De Colônia, ele atuou para a BBC e para a BMW no Reino Unido, para um blog de turismo em Berlim e para o festival cultural La Milanesiana, em Milão. Depois da experiência na Itália, o consultor de 47 anos tem certeza de que "os italianos valorizam a criatividade dos brasileiros – mas me levam mais a sério depois que eu abri uma filial na Alemanha".

Há mais de 25 anos, o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt (que publica o semanário Wirtschaftswoche e o diário Handelsblatt) e do jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em São Paulo e Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil.

* Alexander Busch é jornalista e correspondente de América do Sul do grupo editorial Handelsblatt.



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