Nova rota tecnológica permitirá a separação de materiais recicláveis de lâmpadas LED
Nova rota tecnológica permitirá a separação de materiais recicláveis de lâmpadas LED
A tecnologia, que gerou um depósito de patente, tem potencial para possibilitar a reciclagem de cerca de duas toneladas de lâmpadas led ao mês.
Uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Tramppo, empresa especializada na destinação ambientalmente correta de lâmpadas, teve como resultado a criação de uma nova rota tecnológica focada no processo de separação física dos componentes recicláveis das lâmpadas de LED. A tecnologia, desenvolvida a nível conceitual, é inovadora e rendeu o depósito de uma patente entre os parceiros.
O projeto surgiu da necessidade da Tramppo de encontrar uma forma de atender à nova demanda do mercado: as lâmpadas fluorescentes estão sendo, pouco a pouco, substituídas pelas de LED, e cada qual tem uma destinação diferente no meio ambiente. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), o Brasil importou 20 milhões de unidades de lâmpadas LED em 2014, atingindo, em 2017, 214 milhões de unidades.
“Diferentemente das fluorescentes, compostas basicamente por vidro e mercúrio, as lâmpadas de LED são feitas com uma infinidade de materiais, que vão de plástico a metais, e em diferentes formatos”, explica Sandra Lúcia de Moraes, coordenadora do projeto. “No entanto, ambas são classificadas como resíduos de classe 1, perigosos, que não podem ser depositados em aterros por conta das substâncias tóxicas que liberam: o mercúrio no caso das fluorescentes, e o chumbo e os fenóis nas de LED”.
Os métodos de separação da empresa não eram adequados para o novo produto que passaram a receber. Além disso, era necessário entender a composição das lâmpadas, seu impacto ambiental e a quais mercados seus componentes poderiam atender para serem reciclados. Com esses objetivos no horizonte, o Instituto desenvolveu o projeto em três fases.
Na primeira etapa, profissionais do IPT foram em busca de equipamentos para a separação dos componentes de dois modelos de lâmpadas de LED: as tubulares e as de bulbo. Nessa fase, desenvolveram um projeto conceitual de um equipamento de separação, que foi o responsável pelo depósito de patente feito no final de 2019.
Na segunda fase, a Coordenadoria de Desenvolvimento e Negócios do IPT fez uma análise de viabilidade econômica simples, com o objetivo de levantar mercados para receber os componentes como matéria-prima e posterior reciclagem. Nessa simulação, a primeira estimativa mostrou que a média de valores praticada no Brasil teria um potencial de retorno de cerca de R$ 183,00 a cada 100 kg de resíduos gerados, e a destinação de rejeitos seria praticamente zero.
A terceira e última fase do projeto se focou em uma análise do ciclo de vida (ACV) das lâmpadas de LED e a comparação de seu impacto ambiental considerando dois cenários: a reciclagem e a incineração.
“A terceira fase foi apenas uma análise preliminar e considerou um cenário hipotético – afinal, não existe a incineração como opção no Brasil. A reciclagem se mostrou economicamente e ambientalmente viável, com mitigação de cerca de 86 % dos impactos ambientais. Como as lâmpadas não podem ser descartadas em aterros sanitários, o desenvolvimento dessa tecnologia é essencial”, aponta a pesquisadora.
O IPT e a Tramppo agora aguardam um segundo edital para continuar o projeto – nele, os parceiros pretendem criar um protótipo do equipamento e testá-lo em escala piloto e industrial, além de estudar com mais profundidade o cenário mercadológico e o impacto ambiental do produto.
Fonte: IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas