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O que pandemia ensinou à educação?

O que pandemia ensinou à educação?

13/07/2020 Janaína Spolidorio

Mudanças partem de necessidades, exatamente como estamos comprovando agora.

O que pandemia ensinou à educação?

Cada pessoa fala uma coisa, cada especialista dá sua opinião, mas não podemos prever o futuro e ter certeza do que irá acontecer, porque ele não depende de decisões fechadas, além disso, envolve regiões diferentes, com cultura, gestão e visão diferente da educação.

A pandemia que atualmente vivemos trouxe sim uma porção de incertezas, não sabemos sobre o dia de amanhã, sobre quando as escolas vão retornar, sobre qual é a melhor maneira de fazer o retorno ou qualquer que seja a previsão que queiram fazer. Isso é fato e ponto.

Mesmo assim, podemos ver na obscuridade da situação alguns pontos com extrema clareza. Entre eles, alguns que a área da educação parecia não perceber antes, ou não dar a devida importância, e agora, em pouco tempo, se tornam bastante evidentes.

Veja a seguir algumas coisas que a área da educação aprendeu a partir da pandemia:

1. Pais são parceiros: a escola tem a função de educar academicamente, mas quem permanece com a criança na maior parte do tempo, durante os anos escolares, são os pais. Claro que temos o problema no qual muitos pais trabalham horas excessivas e não conseguem dar atenção que seria adequada às crianças para orientar nas lições escolares em casa. Mesmo assim, são os pais que acompanham e são responsáveis ano após ano pela mesma criança: seu filho. O professor educa a criança somente naquele ano letivo.

Tanto a escola quanto os pais devem ter percebido nesta pandemia que a parceria é imprescindível para o sucesso escolar. Quando os pais não apoiam, mesmo que minimamente, o trabalho da escola se torna mais difícil e a aprendizagem quase ilusória, em alguns casos.

A escola muitas vezes assumia uma responsabilidade maior que seu dever, por achar ser uma necessidade social, porém a situação nos mostra que deve haver um ponto de equilíbrio. Parte das orientações devem vir da escola e a outra parte dos pais. Se os pais não participam, não sabem o que acontece e não saberão orientar. Se a escola não comunica, não cria vínculos com a família e não consegue perceber quais são as necessidades de orientação para que cada um faça sua parte.

2. Autonomia é imprescindível: nem sempre a prática escolar leva o aluno à autonomia. Não é conscientemente que isso acontece. Muitos professores acabam não levando o aluno a desenvolver autonomia porque a prática escolar e a formação pedagógica que temos realmente não ajudam, de certa forma. 

Para começar, as atividades devem ser desenvolvidas não para deixar o material didático visualmente atrativo e sim com o objetivo de construir uma aprendizagem sólida e genuína. Além disso, as crianças possuem um instinto de dependência forte, que muitas vezes é intensificado na sala de aula por uma série de motivos. Instinto maternal do professor, filosofia da escola, cobranças da gestão em relação a maior “atenção” do professor com as crianças, que acaba estimulando a dependência, são alguns fatores que atrapalhavam o trabalho da autonomia.

Agora percebemos o quanto é importante o aluno ter sua parcela de responsabilidade e autonomia em relação aos estudos. Alunos muito dependentes estão vivenciando maiores dificuldades.  A autonomia pode não ser um “conteúdo escolar”, mas está ligada diretamente ao comportamento de aluno e deve ser uma preocupação mais presente na escola.

3. Uso de tecnologia: as crianças dão a falsa impressão de que dominam aparelhos tecnológicos melhor do que os adultos. Eles podem sim ser mais intuitivos, porém estão longe de ter um domínio do ponto de vista de ferramentas de estudo ou de trabalho.

Mexer no YouTube, instalar aplicativos, acessar redes sociais, jogar no smartphone não garante, de forma alguma, que a criança seja considerada funcional do ponto de vista do uso do aparelho.

Não precisamos mesmo ir longe para perceber isso! Em várias casas hoje percebemos o quanto os alunos se perdem para verificar uma lição, para enviar um arquivo para o professor ou mesmo para se comunicar de forma efetiva, pelo canal correto. Muitos têm dificuldade em usar ferramentas de texto digital ou mesmo de compreender como funciona uma plataforma educacional para ensino remoto. São habilidades que precisam ser ensinadas, porque não são próprias de seu cotidiano. Cabe à escola incorporar isso à vida dos alunos.

4. Flexibilidade pedagógica: a pedagogia nem sempre se mostra flexível. Velhos costumes são difíceis de largar... há muito ensinamos com as mesmas estratégias e mesmo trazendo para a escola novos aparelhos há casos em que o aparelho é novo, mas o pensamento do professor não é.

Muitas escolas tinham a prioridade em mostrar aos pais o quanto tinham tecnologia avançada, mas se esqueciam de que antes de ter a tecnologia era preciso transformar o pensamento de quem iria utilizá-lo: o professor. O investimento escolar deve ser sempre primeiro na equipe e depois, conforme o time escolar se modifica, avança em pensamento, se flexibiliza, é que traz as inovações.

Mudanças partem de necessidades, exatamente como estamos comprovando agora. Foi a necessidade que levou as escolas a flexibilizarem o modo de ensinar e é exatamente ela que irá, também, ditar às escolas o que deve ser mudado. Conforme se flexibiliza o pensar da equipe pedagógica se investe na mudança.                

Claro que há outros pontos que podem ser considerados, mas estes quatro já são material para grandes reflexões... e mudanças para o retorno. Não será possível atender a todos os pontos desejáveis para a escola poder mudar de postura, porém se nos atermos às maiores aprendizagens, as mais evidentes, poderemos, no retorno, começar com um ajuste que consequentemente levará a mudanças.

* Janaína Spolidorio é especialista em educação, formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital.

Fonte: EVCOM



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