Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O sacramento da presença

O sacramento da presença

29/01/2021 Thulio Fonseca

Quando pensamos no tema educação, nos lembramos de grandes pedagogos, pensadores e estudiosos dos séculos passados, mas raramente associaremos este tema tão interessante a algum santo da Igreja Católica.

Porém, com tamanha alegria, apresento para vocês uma referência neste assunto: São João Bosco, conhecido popularmente como Dom Bosco, um sacerdote italiano, que viveu no século XIX, fundador da Congregação Salesiana e canonizado em 1934 pelo Papa Pio XI.

Dom Bosco enfrentou na cidade de Turim, localizada no norte da Itália, um grande desafio: formar e educar crianças, adolescentes e jovens, excluídos e explorados por uma sociedade oportunista, em plena Revolução Industrial, no qual a educação não era nem um pouco evidenciada, pelo contrário, estava sucumbida pela mão de obra barata e pelas cifras lucrativas dos ricos barões, donos de fábricas com turnos intermináveis e condições precárias de trabalho.

Em seu chamado vocacional, aquele pobre sacerdote de estatura baixa e de um coração gigantesco havia compreendido que seu campo de missão seria acolher aqueles meninos marginalizados, dar-lhes um lar digno, repleto de amor, capacitação profissional e, acima de tudo, uma espiritualidade pautada na misericórdia de Deus.

E foi assim que, incansavelmente, Dom Bosco fez. Impulsionado pelo lema: “Da mihi animas cetera tolle”, que significa “Dai-me almas e ficai com o resto”, ele gastou toda a sua vida pela salvação dos jovens, principalmente dos pobres e abandonados.

O santo dos jovens, como é popularmente conhecido, desbravou muitos campos, foi além do seu tempo, e como um visionário, também contribuiu muito no campo da educação, desenvolvendo métodos muito úteis ainda nos dias de hoje.

Dom Bosco criou o Sistema Preventivo, que se opõe a todo e qualquer tipo de repreensão, e se baseia, sobretudo, na relação, onde o educador enxerga o aluno como um amigo, e este o vê como um benfeitor, que o aconselha e quer ajudá-lo a ser melhor.

E dentro daquele cenário de exploração e agressão, que Dom Bosco via atingindo todos os dias seus jovens, percebeu que era necessário fazer algo com a finalidade de uma comunicação educativa válida, de modo que a linguagem do amor fosse indispensavelmente colocada em primeiro lugar.

Não basta ao educador amar os jovens; isto é, não basta que os jovens sejam amados pelo educador, eles devem saber que são amados por ele. Esta é uma das intuições psicológicas e pedagógicas mais brilhantes criadas por Dom Bosco.

E precisamente pela necessidade de “os jovens saberem que são amados”, surge a importância de que o educador manifeste o seu amor, e isso se dá, inevitavelmente, por meio da presença.

E Dom Bosco ensina que a melhor forma para que isso aconteça é compartilhar as alegrias com os jovens, viver em contato com eles, compreendê-los, tentar sintonizar-se com seus sentimentos, não pensar em esquemas mentais irreconciliáveis, mas compreender suas situações, dúvidas e necessidades.

E para que o círculo educacional entre o educador e aluno se feche é preciso que haja familiaridade, confiança, amizade verdadeira, principalmente no pátio, ou seja, no contato informal, rejeitando então toda apatia e indiferença.

Em nosso contexto atual podemos constatar que isso é verdadeiramente muito aplicável e funcional, e até percebemos, neste período em que vivemos, como a tecnologia pode ser uma ajuda interessante.

As escolas e os centros de formação profissional não deixaram de ser eficazes, mesmo em meio aos desafios da pandemia.

O ambiente digital tornou-se então uma forma de se comunicar e de estar presente. E também nos levou a enxergar como é tão necessária a relação humana.

Que não é suficiente uma tela como um instrumento de aproximação, mas que é preciso, de fato, o encontro, o estar juntos, aprender e ensinar por meio do toque e do olhar, e assim, partilhar, alegrar-se, recolher lágrimas e deixarmo-nos tocar pela grandeza da relação e do afeto, pois ensina também Dom Bosco que “a educação é assunto do coração”.

Somos então convidados, principalmente por Dom Bosco, que liturgicamente celebramos sua memória no dia 31 de janeiro, a sermos os primeiros portadores do sacramento da presença em nosso coração.

Mesmo que atualmente o ensino remoto seja uma saída eficaz, não podemos correr o risco de nos acostumar com a ausência das relações, no ambiente familiar e também no ambiente escolar.

Deixemos que os ensinamentos deste santo tão atual, ilumine nossos passos e principalmente o futuro das novas gerações. São João Bosco, rogai por nós!

* Thulio Fonseca é ex-aluno salesiano e missionário da Comunidade Canção Nova, atualmente na Frente de Missão em Roma – Itália.

Fonte: Assessoria de Imprensa Canção Nova



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira