Quando eu estava no ensino médio, uma noite meu pai me disse: “Quero lhe mostrar uma coisa”. Pegou a carteira e tirou dela um cheque de um milhão de dólares. Enquanto eu recobrava o fôlego, ele me explicou que, embora o cheque fosse preenchido em nome dele, aquela quantia não era nossa para ser gasta, não por inteiro. Ele acabara de ser contratado pelo Governo dos Estados Unidos para construir uma filial dos correios, e esse cheque era um adiantamento para cobrir as despesas iniciais.

Apesar de estar maravilhado por contemplar uma quantia tão grande de dinheiro, fiquei surpreso ao ouvir o que papai disse em seguida. Ao invés de me dar uma lição de métodos e estratégias de microeconomia, ele me incentivou a ponderar outro ponto de vista a respeito das finanças.
“Você precisa saber que este cheque não é a fonte de renda de nossa família”, disse ele. “Nossa renda provém das ideias que estão por trás dele.”

Meu pai era um pensador, mas aquela foi uma das poucas vezes em que ele falou comigo em termos tão espirituais. Eu pude perceber, contudo, aonde ele queria chegar. Como estudante da Ciência Cristã, ele estava acostumado a enxergar as coisas sob uma perspectiva fundamentada em Deus e aquela foi a maneira que ele encontrou para me levar a pensar da mesma forma. “Deus vos dá Suas idéias espirituais e elas, por sua vez, vos proporcionam o suprimento diário”, lembrava-me ele com frequência, ao citar a fundadora da igreja da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy. “Nunca peçais para amanhã: é suficiente o fato de que o Amor divino é uma ajuda sempre presente; e se esperardes, sem nunca duvidar, vós tereis tudo de que necessitais, a todo momento.”

Por muitos anos papai havia acalentado a ideia de ser seu próprio chefe. Embora sua formação fosse de engenheiro mecânico, e ele tivesse passado uma década trabalhando para firmas diversas, ele desejava iniciar uma empresa de construção. Certa tarde mamãe o encontrou sentado à mesa de nosso quintal, organizando uma pilha de papéis. Quando ela perguntou por que não estava no trabalho, ele lhe disse que naquela manhã havia decidido pedir demissão e estava tomando as medidas para obter a licença de empreiteiro.

Acho que papai não tomou essa decisão para ficar rico, mas como um caminho lógico para utilizar os talentos que Deus lhe dera. Esse foi o começo de um constante fluxo de ideias inspiradas a respeito de tudo, desde construir casas, edifícios de apartamentos e restaurantes, até restaurar um prédio histórico.

Embora para mim seja fácil atribuir o bom êxito de papai, tanto nos negócios como na família, ao fato de ele valorizar a Deus como a Mente divina, como a fonte de todas as ideias espirituais, estou certo de que outros talvez vejam isso apenas como pensamento positivo. Papai sabia, como eu sei, com base no estudo da Bíblia, que o plano de Deus para Sua criação inclui somente o bem. Mas é necessário muito mais do que simplesmente desejar o bem para que este se manifeste na vida de uma pessoa. É necessário paciência e perseverança. Mas talvez, mais do que qualquer outra coisa, seja necessário a humildade, o grande fator que caracteriza aqueles que, de maneira consciente e constante, são receptivos à graça infalível de Deus, em contraste com aqueles que presumem conseguir, de alguma maneira, exercer o papel do condutor, o qual pertence a Deus.

Isso não significa que papai nunca tenha enfrentado adversidades. Mas quando isso acontecia, eu não me lembro de ouvi-lo jamais culpar a Deus ou a ele mesmo. Ao invés disso, essas eram oportunidades de conhecer melhor a Deus e de enxergar a si mesmo e os outros sob uma luz mais divinamente inspirada.

Papai nunca viu a riqueza material como uma recompensa por ser um homem religioso, nem como um retorno por seu investimento de tempo ou dinheiro em prol da igreja que frequentava. Aliás, penso que a riqueza nunca foi levada em consideração. Sei, contudo, que papai compreendia que o suprimento era uma expressão do amor incondicional de Deus por Sua criação, que inclui nossa família, e esse amor não poderia jamais se esgotar.

Embora tenham se passado décadas desde aquela breve conversa que tive com papai, nunca a esquecerei. Minha vida nunca deixará de ser enriquecida pelas verdades que ele me disse naquela noite.

* Eric Nelson escreve sobre a conexão entre a consciência e a saúde, a partir de sua perspectiva como praticista da Ciência Cristã e parte do Comitê de Publicação da Ciência Cristã para a California, EUA.

Este artigo foi publicado no Communities Digital News, @CommDigiNews.