Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A borboleta e o negacionista

A borboleta e o negacionista

25/06/2021 Cesar Augusto de Carvalho

Para os aficionados da literatura fantástica é fácil perceber o quanto nossa realidade está repleta de personagens saídos diretamente dela.

Jamais imaginaria isso possível! O negacionista é um desses absurdos. Outro dia cruzei com um, no corredor da padaria, saindo sem máscaras, reclamando da gerência que não o deixou entrar e me espremeu contra o corrimão.

Protestei contra a falta de máscara e a coisa virou bate-boca. Ele alegou o direito de fazer o que bem entendesse. Esperei-o terminar de falar, mas não quis me ouvir.

Calou-me cantando trecho da música de Raul Seixas, “faz o que tu queres pois é tudo da lei” e saiu gritando que a pandemia é coisa da mídia.

Fiquei impressionado! Como uma crença, um conjunto de símbolos que só existe na cabeça da pessoa, pode influenciá-la a tal ponto de colocar, não só sua vida, mas também a vida de inúmeras outras pessoas em perigo?

A ação social de cada um de nós é como o bater das asas da borboleta, não vemos o que ela produz, exceto o fato que produz.

No caso da borboleta, ela voa, no caso do negacionista, ele mata! Cabe a este, feito carapuça, a metáfora do Efeito Borboleta, cujo bater de asas no Brasil provoca tornados no Texas.

O do negacionista expande as tragédias. Deixando as metáforas de lado – afinal elas esclarecem apenas o resultado, não as causas – pensemos o que pode estar por trás das ações do negacionista.

Ao recusar-se a usar a máscara, alegando o direito de fazer o que bem entende, ele comete alguns equívocos que podem colocá-lo na condição de criminoso por desrespeitar a Constituição.

O primeiro é não respeitar a vida alheia. No caso de nosso negacionista, a consequência imediata do seu “direito” de usar ou não a máscara é aumentar a circulação do vírus e intensificar suas consequências já drásticas.

Atitude tão criminosa quanto a de ocupantes de cargo público que adotam a mesma posição. Não é demais lembrar que a Constituição garante o direito à vida e coloca o Estado como corresponsável pela sua manutenção.

A história registra inúmeros casos de políticos que adotaram o negacionismo como princípio administrativo da saúde pública.

Caso notório é o do presidente sul-africano, Tabo Mbeki que, entre 1999 e 2008, negando a gravidade do surto da AIDS, produziu um país com a maior taxa de infectados do mundo, 20%.

Do ponto de vista político, nosso negacionista se revela um ignorante dos princípios básicos da democracia, a liberdade individual que termina onde começa a do outro.

Então, você pode sim, fazer tudo o que quiser, pois, está dentro da lei. Fora dela, é crime. E contaminar o outro, ou colocá-lo em perigo, seja qual for, é violar o princípio básico da cidadania.

Como se vê, o negacionista é uma borboleta. Seu bater de asas amplia a circulação do vírus e macula o relacionamento democrático. Precisamos amputar-lhe as asas.

* Cesar Augusto de Carvalho é escritor, doutor em História e professor de Sociologia aposentado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Para mais informações sobre negacionismo clique aqui…

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: LC Agência de Comunicação



Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira