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A calunia e a inveja

A calunia e a inveja

21/04/2021 Humberto Pinho da Silva

Em: “Olhai os Lírios do Campo”, o escritor gaúcho, Erico Veríssimo, apresenta-nos a personagem: Eugénio Fontes, médico, que desprezou a vida fácil de genro de homem rico, para se entregar à medicina quase como sacerdote.

De médico respeitado, graças ao sogro, após o divórcio, passa a clínico da classe média e da gente pobre.

Um dia, o amigo, igualmente médico, o Dr. Seixas, diz-lhe: - “Você está a tornar-se importante! …”

Apanhado de surpresa, pergunta: Porquê?

- “É que começam, os colegas, a dizer mal de si.”- Responde-lhe o Dr. Seixas.

Quando, em qualquer profissão, alguém começa a ser atacado justamente ou não, é sinal, quase sempre, que está a subir na escala social; a tornar-se conhecido.

A maledicência, tem raiz na inveja. Miguel Ângelo, queixava-se que os males entendidos, como Papa, tinham origem em Bramonte e Rafael, devido à inveja.

Já o Padre António Vieira, dizia: “Sabeis porque vos querem mal vossos inimigos? Ordinariamente porque vêm em vós algum bem que eles quiseram ter e lhes falta. A quem não tem bens, ninguém lhe quer mal.”

Pateadas e calúnias, são resultantes, quase sempre, do mesmo mal.

É o caso de Anita Ekberg, que foi atacada, no palco, com tomates, lançados pela cantora Evelyn, porque aquela abandonara a sala, enquanto cantava.

O escritor, ao ser conhecido, logo é vítima de inveja e da calúnia.

Camilo, em: “Noites de Lamego”, refere-se que o vulgo costuma enxovalhar, por maldade, o homem distinto: “A canalha urra triunfalmente a cada homem distinto que sopesa e recalca no seu esterquilino.”

Entre os intelectuais, basta alguém do seu meio, ter sucesso ou ter sido premiado, para os confrades e amigos, espalharem boatos desagradáveis.

Está nesse caso a “zanga” entre o pintor Júlio Dupré, grande amigo de Teodoro Rousseau; quando Júlio recebeu o grau de Cavalheiro da Legião de Honra, Teodoro, afasta-se, por inveja e ressentido.

Helena Sacadura Cabral, referindo-se à calúnia, declara ao: “Diário de Notícias”: “Em Portugal há uma longa tradição de murmúrio, de inveja, de cobiça e de preguiça, também. Os valores raramente são reconhecidos e os inteligentes constituem o repasto ideal para a calúnia.” - “O Dia” – 09/09/02.

A calúnia costuma andar de braço dado com a inveja. Sempre que se alcança, em qualquer profissão, lugar de destaque, logo surge o boato mesquinho -  “o dizem…que dizem…”

Mesmo entre figuras da ciência, a inveja, existe. É conhecida a disputa ridícula entre dois lentes de Coimbra: o Brites e o Ferrer, no final do século XIX, por antagonismo de doutrina.

Entre os intelectuais, há o costume de criar “capelinhas”, por ideologias.

Chianca Garcia, disse ao “Século” (18/01/1959,) depois do sucesso do filme: “A Aldeia da Roupa Branca”, teve que ir para o Brasil, porque sentia má vontade de muitos, de a excluir das “capelinhas” e de contratos.

Criada a tertúlia, cria-se a “capelinha”, elogia-se mutuamente; se o neófito pretende ingressar no reduto, logo é corrido, a não ser que tenha “padrinho forte”, na “capela”.

Que o digam os que se iniciam na difícil e ingrata Arte das Letras, a dificuldade que sentem em serem acolhidos. Os próprios editores, em geral, sofrem do mesmo mal.

O medo de serem destronados do pedestal, que elegeram, leva-os apartar todos, que podem vir a fazer-lhes sombra.

* Humberto Pinho da Silva

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