Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A Nova Lei das Empregadas Domésticas: uma questão de justiça

A Nova Lei das Empregadas Domésticas: uma questão de justiça

24/04/2013 Paulo Salvador Ribeiro Perrotti

A Emenda Constitucional n° 66/2012 conferiu ao emprego doméstico algo que já deveria ter acontecido há muito tempo, por uma questão de justiça: os mesmos direitos de um trabalhador comum.

Pode parecer uma declaração polêmica, mas, de fato, não havia razão para que o emprego doméstico fosse considerado diferente dos demais. Aparentemente, a legislação trabalhista marginalizava a relação de emprego doméstico, como se os seus profissionais fossem menos valorizados.

Entretanto, se o emprego doméstico é trabalho, não havia razão para que a equiparação demorasse tanto. Mas demorou. Fruto de uma sociedade ainda retrógrada, a legislação Brasileira desdenhava a relação de emprego doméstico. Culturalmente, um empregado de uma indústria gozava de benefícios melhores e diferenciados, muito em razão de um sindicato forte e atuante, mas principalmente por estar vinculado a empresas ricas e capitalistas, cujo principal objetivo é auferir lucro.

Assim sendo, esse lucro, de alguma forma, precisava reverter em benefícios aos seus empregados, patrocinando um ecossistema saudável e sustentável. Como é possível concluir, a operação industrial, em si, se justifica, bem como qualquer outra atividade comercial que gere lucro e tenha capital suficiente para sustentar o seu próprio ecossistema. Isso não acontece com o emprego doméstico, cuja natureza deriva de um serviço pessoal, geralmente para atender uma família, assalariada ou não.

Neste sentido, o emprego doméstico é considerado, de forma preconceituosa, uma despesa. Em contrapartida, o emprego industrial ou comercial, geralmente, está atrelado a uma pujança econômica da empresa. Assim sendo, quanto mais empregados, mais produção. E, por consequência, mais lucro. Veja que o empregado doméstico não traz essas características positivas de produção e sucesso econômico, sendo considerado um luxo ou meramente algo necessário para a manutenção da residência.

Mas a legislação avançou de forma firme e definitiva para equiparar trabalhadores. E o fez muito bem. Dentre as equiparações, destacam-se o seguro-desemprego em caso de desemprego involuntário, a obrigatoriedade no recolhimento do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, irredutibilidade do salário, décimo terceiro, jornada de trabalho fixa (44 horas semanais) e a “hora extra”. A equiparação era uma necessidade, mas há muito mais a ser feito. Esse deve ser só o começo.

Há, ainda, muitas evoluções e melhorias a serem realizadas. E não só na legislação relacionada ao emprego doméstico. Uma das principais barreiras ao investimento estrangeiro no Brasil é o alto custo do emprego e dos impostos, sejam eles diretos e indiretos. O que o Brasil precisa, de fato, é de uma revolução. Será que o sistema brasileiro de emprego, paternalista, arcaico e fundamentado na CLT de 1943, é sustentável? Essa pergunta não pode demorar muito para ser respondida.

*Paulo Salvador Ribeiro Perrotti é consultor, advogado e sócio na Perrotti e Barrueco Advogados Associados, além de Presidente do Instituto Campana e vice-presidente da Fundação José e Paulina Nemirovsky.



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves