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Admiração e medo

Admiração e medo

18/10/2012 Fernando Pimentel

Ante a reiterada depressão e as perspectivas negativas de recuperação a curto e médio prazo nos países desenvolvidos, principalmente na Europa, o Brasil continua provocando interjeições de admiração no universo corporativo internacional.

Tal sentimento, contudo, é contraposto por um crescente medo. Essa questão dialética sobre o País formula-se, de um lado, na confiança de que, para nós, a maior crise do capitalismo parece muito menos danosa e, de outro, no pânico quanto à possibilidade de recrudescimento do protecionismo, fechando-se um mercado que tem sido generoso com as importações.

Tais impressões, refletindo a percepção real de empresas, empresários, executivos e profissionais técnicos, marcaram as discussões e análises sobre o Brasil no ambiente da 28ª IAF World Apparel Convention (Convenção Mundial do Vestuário), realizada numa cidade do Porto mergulhada na crise portuguesa, de 24 a 28 de setembro.

Participaram cerca de 300 pessoas, de 22 nacionalidades. A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) foi a única representante de nosso país a integrar as mesas de debate do evento, considerado um dos principais congressos mundiais do setor. Obviamente, o pavor relativo ao protecionismo deve-se, principalmente, ao grande destaque que a mídia internacional deu ao recente anúncio, feito pela presidenta Dilma Rousseff, de aumento das alíquotas de importação de aproximadamente 100 produtos.

Entretanto, ninguém comentou que essa elevação está absolutamente dentro – e ainda  abaixo – dos limites estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Também não se toca nos subsídios e sobretaxas aduaneiras existentes em várias nações e se ignora a guerra cambial, com foco eminentemente protecionista, que se trava, por exemplo, na impressão de dólares aos cântaros e no valor baixo do Yuan estabelecido por decreto...

Ora! Nesse ambiente cada vez mais competitivo, fica muito claro que o Brasil, que apresenta características favoráveis, continuará a assistir à internacionalização de seu varejo. Isso implica outra questão dicotômica: em uma vertente, as oportunidades para a indústria no sentido de atender os grandes players que vêm para cá; em outra, a ameaça de que, ao mesmo tempo em que investem e geram empregos e renda, poderão servir de ponte exportadora para outros países, por meio das marcas com presença mundial.

Afinal, essas grandes cadeias de varejo trazem consigo o seu supply chain internacional, o que poderia prejudicar a produção brasileira. O balanço de forças será definido ao longo do processo, mas temos de resgatar fortemente nossa competitividade, pois num mundo de economia encolhida a busca por mercados é frenética e a luta é fratricida.

Nessa conjuntura, faz todo o sentido a releitura do antológico dilema shakespeariano: ser ou não ser competitivo! O desafio é como se posicionar diante do quadro econômico adverso e garantir lucros ao negócio. Para responder a questão, o evento de Portugal apresentou boas reflexões, a começar pela importância da inovação nas fibras e têxteis como fator de novas oportunidades de mercado.

A pertinência de vender mais por via eletrônica e como adequar a numeração das roupas para facilitar o comércio também foram temas abordados, embora não haja solução única para isso. Discutiu-se, ainda, no tocante à terceirização da produção, existente em diversos países, como definir e contratar os serviços, levando-se em conta o preço e toda a estratégia de custos, estoques e distribuição. A preocupação maior, contudo, é quanto à manutenção das vendas, não importa em que lugar do mundo.

Como os mercados têm crescido basicamente apenas nas nações em desenvolvimento e nas emergentes, elas estão na alça de mira de fabricantes e grandes distribuidores. Por isso, nós, brasileiros, temos de continuar nos defendendo, dentro dos limites civilizados do capitalismo democrático e respeitando as normas da OMC e outros organismos multilaterais, assim como temos que trabalhar  fortemente, em nível macro e microeconômico no resgate da competitividade sistêmica de nosso país.

O tempo não é nosso aliado e por isso temos que acelerar fortemente o nosso passo, pois estamos ficando para trás em termos de crescimento relativo quando compara-se o Brasil com outras nações emergentes.

Fernando Pimentel é diretor-superintendente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).



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