Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Do veneno ao remédio

Do veneno ao remédio

15/11/2017 Francisco Habermann

Conheci aquele jovem quando estudava em Ribeirão Preto-SP, em 1960.

Depois, já como professor, ele ficou famoso pelos estudos que fazia com veneno da temida Bothrops jararaca. Só mais tarde fiquei sabendo de suas descobertas com aquelas amostras de veneno colhidas das serpentes que só são encontradas aqui na América do Sul e eram transportadas no fusquinha do professor. A história é interessante.

O laborioso professor de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, Dr. Sérgio Henrique Ferreira ( Franca-SP, 1934 – 2016, Rib.Preto-SP ) , estava interessado nos efeitos daquele veneno no corpo humano.

Levou amostras do material biológico para a Inglaterra onde faria estagio em laboratórios de pesquisa e, lá, conseguiu proceder à separação das frações proteicas daquele veneno. Uma das frações separadas mostrou-se efetiva na redução da pressão arterial de mamíferos, testada em camundongos e cobaias.

Estava descoberto o princípio biológico (o inibidor do enzima conversor da angiotensina II ) que facilitaria o desenvolvimento posterior do medicamento que iria revolucionar o tratamento da hipertensão arterial ( captopril e outros vinte derivados ).

Conto essa história justamente para enaltecer a persistência e capacidade de superação de cientistas que trabalham a vida inteira na busca incessante de contribuições científicas que ficam marcadas na história das ciências. O caso daquele professor foi um deles.

O Prof. Ferreira estudava uma serpente que só é encontrada aqui na América, descreveu toda a biologia e ação das frações proteicas descobertas a partir do seu veneno levado aos laboratórios estrangeiros; partilhou seu conhecimento com outros pesquisadores; publicou seus dados observados em revistas científicas prestigiadas e... verificou posteriormente que laboratórios de pesquisa outros produziram a molécula sintética que possibilitou transformar sua pesquisa básica em um medicamento de uso mundial.

Conta-se que ele ficou feliz... e continuou trabalhando. O desenvolvimento da nova droga constituiu um marco no tratamento moderno do síndrome hipertensivo e também na insuficiência cardíaca, felizmente, mas o nome do Prof. Ferreira só foi reconhecido décadas depois pelas sociedades científicas internacionais como o pioneiro descobridor do novo princípio biológico que possibilitou a revolucionária descoberta terapêutica moderna anti-hipertensiva.

Nunca recebeu ele compensação monetária nenhuma pelas descobertas científicas que resultaram em bilionárias vantagens comerciais com os produtos medicamentosos decorrentes. Até recentemente o professor era visto com o mesmo fusquinha... E feliz!

* Francisco Habermann é professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu.



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves