Com o passar dos tempos a palavra “Vestal” passou a ser utilizada para pessoas de moral ilibada, honesta e que leva sua vida com dignidade.

Figuras políticas que se apresentavam impolutas enquanto oposição, na situação passaram a ser investigadas, réus e alguns já condenados pela Justiça.

O PT, antes de assumir o governo federal, sempre exerceu o papel de oposição ferrenha, como se fosse verdadeiras vestais, retas e incorruptíveis.

Esta imagem foi construída ao longo de vários anos a fio, ficando no imaginário popular, que ao chegar à situação mudariam o Brasil.

Dar-se-ia uma nova era de uma política proba, voltada para os desejos da população, principalmente dos mais carentes, aguerrida contra todo e qualquer ato de corrupção.

Em seu discurso de posse o ex-Presidente Lula pronunciou: “O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes do meu Governo. É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida pública.”

E sendo mais enfático arrematou: “Ser honesto é mais do que apenas não roubar é não deixar roubar. ” Nas palavras da Ministra Carmen Lúcia "Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo...”

A esperança consubstanciava que o Brasil seria um lugar melhor para se viver, longe da corruptela tão alardeada pela antiga oposição, com homens públicos preocupados, apenas e tão somente apenas, com os anseios da sociedade e o crescimento da nação e não com olhos para interesses próprios, na maioria das vezes pouco republicanos.

Já o medo era que um governo de esquerda transformasse o Brasil em uma “nova Venezuela”, com todas as suas mazelas. Ao ganhar as eleições alguns expoentes do partido do Governo abraçaram um plano de poder com a intensão da perpetuidade no comando da nação, traindo todo o discurso de moralidade pública de outrora.

No caso conhecido como mensalão foram condenados políticos que possuíam imagens ilibadas, a saber: José Dirceu, um dos fundadores do PT e ex-Ministro da Casa Civil, Delúbio Soares, ex- tesoureiro do PT, Jose Genuíno deputado e ex-presidente do PT, João Paulo Cunha, ex-deputado PT e ex-presidente da Câmara, entre outros.

Ressalva generalizar, evitando-se injustiças, a corrupção parece ser endêmica. Novamente figuras públicas ligadas ao governo federal estão envolvidas em novos escândalos de desvios de conduta. As contas da campanha eleitoral da Presidente estão sob investigação por suspeitas de abuso de poder econômico, caixa dois e dinheiro proveniente de desvios da Petrobras.

Pela primeira vez na história da República foi decretada a prisão cautelar de um Senador do PT, líder do governo no Senado, sob suspeita de obstrução da justiça na tentativa de evitar que seu nome fosse citado por um réu em acordo de delação premiada. O lobo está deixando aparecer a pele de cordeiro, a Justiça tem se apresentado como iconoclastas das imagens das falsas vestais.

* Bady Curi Neto, advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).