Nascemos nus
Nascemos nus
Você nasceu nu. O primeiro alimento que você ganhou proveio dos instintos maternos da tua mãe. Teus primeiros passos te conduziram ao chão. E nem sempre o choro foi o suficiente para que os outros satisfizessem teus desejos.
Nem sempre você foi correspondido no amor. Adoeceu, curou-se, voltou a adoecer. A esta altura da vida, a morte já deve ter se pronunciado na ausência de alguém próximo, trazendo a lembrança de um futuro inexorável. Seus olhos marejaram e já formaram lágrimas inteiras. O seu coração já deve ter batido muito forte também.
Alegria, medo, raiva, ódio, receio. Nem sempre você teve esperança. Esperança é um estado de espírito difícil. É uma voz surda. É a expectativa do silêncio. Há quem diga que ela é nosso maior tesouro. Há quem diga que ela nos faz piores. O seu corpo deve carregar alguma cicatriz. A queda na corrida, o escorregão na escada, o golpe certeiro no treino de boxe. Ou a palavra dita na hora errada, uma notícia incômoda, a derrota. Não se pode ganhar sempre. Essas marcas nada mais são do que lembranças de que você continua vivo.
*Natália Vilarouca é Acadêmica de Direito da UNIFOR e Especialista do Instituto Liberal.