Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O 50 anos do “Sgt. Pepper´s lonely hearts club band”

O 50 anos do “Sgt. Pepper´s lonely hearts club band”

05/05/2017 Sérgio Mauro

Nunca ninguém ousou tanto, com tantos belíssimos resultados, como em Sgt. Pepper´s.

O 50 anos do “Sgt. Pepper´s lonely hearts club band”

O título longo nos faz perder o fôlego, mas a música criativa do melhor disco dos Beatles (e um dos melhores de todos os tempos no âmbito da música pop) nos inebria a alma e nos faz viajar (e não constitui uma bad trip!).

Há de tudo em Sgt. Pepper´s: dos efeitos sonoros inéditos para a época, passando pelos acordes indianos de George Harrison, até chegar à brilhante orquestração de George Martin em “A day in the life”.

Guardadas as devidas proporções, o LP (como soa antigo este termo!) constituiu para o “fab four” e para a música pop aquilo que as “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foram para Machado de Assis e para a literatura brasileira: um divisor de águas e um ponto de maturidade alcançada e desejada.

A rigor, se comparado com os álbuns anteriores, sobretudo com as primeiras e ingênuas canções de “Help” e “A Hard day´s night”, nem parece mais a mesma banda (ou conjunto, como se dizia no Brasil até não muito tempo atrás).

Os temas adolescenciais cederam lugar às observações sobre os dilemas da própria geração a que os quatro cabeludos pertenciam, com arranjos mais elaborados, que não mais se limitam a banais solos de guitarra ou de gaitinhas à la Bob Dylan.

Em Bob Dylan, aliás, os Beatles se inspiraram, como, por exemplo, na belíssima “She´s leaving home”, ou nos versos que celebram o estranhamento do cotidiano londrino (ou de qualquer metrópole) de “A Day in the life”.

Antonioni, em “Blow up”, de 1966, parece ter antecipado alguns dos temas esmiuçados pelos Beatles no “Sgt. Pepper´s”: a alienação da juventude, o desapego aos temas mais sérios e uma imensa, por vezes inócua, vontade de rebelar-se contra a geração anterior e de mudar o mundo.

Em Antonioni, “filósofo” do cinema, o olhar é crítico, e as imagens traduzem o imenso vazio e o caráter “inofensivo” dessa rebeldia divertida e descompromissada. As canções dos Beatles limitam-se a constatar e corroborar estes anseios de mudança, mas as melodias cativantes, a imensa criatividade nos arranjos e até mesmo na capa do disco, mais o auxílio inestimável do “quinto Beatle”, isto é, George Martin, emprestam ao “pop” um caráter mais profundo, que ao mesmo tempo diverte, sacode e faz pensar, sem cair na banalidade comercial ou na transformação do rock numa espécie de droga em forma de música que arrastou tantas outras bandas para o abismo.

Para compreender a genialidade dos Beatles neste memorável disco, basta observar a construção criativa de “A day in the life”, que realiza uma colagem de vários eventos do cotidiano urbano aparentemente dissociados, realizando uma colagem entre um acidente fatal de automóvel, um enfadonho filme de guerra, naturalmente relatando as proezas do exército britânico, a pressa de quem não quer perder o ônibus e os intermináveis buracos de uma rua londrina.

Cada “episódio”, pausadamente declamado pela nasalada e cativante voz de John Lennon, é entremeado por arranjos orquestrais num “crescendo” ensurdecedor, além bateria precisa de Ringo Starr e pela voz final que nos quer manter “ligados”, isto é, não alienados.

Parece pouco? Talvez não pareça tanto, se comparado ao que fizeram Vivaldi, Beethoven, Mozart, Verdi ou Wagner. Mas, no âmbito exclusivamente do pop, quem chegou a tanta criatividade? Na minha modesta opinião, ninguém.

Houve e há tantas outras bandas bastante criativas no mundo do rock, inclusive no nacional, mas nunca ninguém ousou tanto, com tantos belíssimos resultados, como em Sgt. Pepper´s.

* Sérgio Mauro é professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara.



A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso


Filosofia na calçada

As cidades do interior de Minas, e penso que de outros estados também, nos proporcionam oportunidades de conviver com as pessoas em muitas situações comuns que, no entanto, revelam suas características e personalidades.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Onde começam os juros abusivos?

A imagem do brasileiro se sustenta em valores positivos, mas, infelizmente, também negativos.

Autor: Matheus Bessa