Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O que está em jogo com o jogo no Brasil?

O que está em jogo com o jogo no Brasil?

11/04/2020 Julio Gavinho

Escrevi um artigo há uns três anos sobre o jogo no Brasil intitulado “O jogo no Brasil e o sofá do corno”.

Minha perspectiva era comparável a do marido traído pela esposa no sofá da sala com o vizinho e que, para evitar novas traições, jogou fora o sofá.

Meu argumento é a contra a ideia de que o jogo vai inaugurar uma fase de violenta evasão fiscal, como se a receita federal não existisse para coibir exatamente isso.

Não aceito, muito pessoalmente, o argumento de que não podendo fiscalizar os cassinos, eles devem ser proscritos. Tertúlia flácida para adormecer bovinos.

O legislativo está sentado sobre um projeto de lei que regula os jogos de azar no patropi desde 1991. São 29 gloriosos anos em que o debate foi o menos presente dos elementos democráticos no congresso nacional brasileiro.

É como se não existissem jogos ilegais, como se eles não alimentassem o monstro da violência mafiosa no Rio, como se os bingos não vivessem a sombra da realidade e enfim, como se a sociedade não participasse deste feroz conluio criminoso comprando nossas cartelinhas de R$ 5,00 nos bingos clandestinos ou “colocando” nossas moedas de R$ 1,00 na águia ou no veado.

Estamos todos com as mãos comprometidas, pintadas da tinta azul dos carimbos ou cartelas ilegais de bingo.

Entre legalizar o que já deveria ser legal e distribuir licenças por meio de um pacto federativo no mínimo ineficiente, o legislativo e a Caixa Econômica Federal (braço executivo da jogatina) devem olhar para o jogo no Brasil como olham os investidores.

Estes possíveis futuros donos/investidores em cassinos ou bingos olham primeiramente para uma sigla chamada GGR (receita bruta de jogo em português). Ela determina o apetite ou não por vultuosos investimentos em uma certa cidade ou região e, a partir daí, calculam o volume de investimento a ser feito.

Por exemplo, um cassino em São Paulo com um hotel de 1 mil apartamentos e parrudo centro de eventos tomaria cerca de R$ 2,5 bi de investimentos.

Muita grana, não é? Sim e é diretamente proporcional as receitas de jogo, hospedagem, alimentação e eventos de um complexo como este. Aonde mais poderíamos considerar números e investimentos desta dimensão? Talvez em um ou dois resorts de praia no NE.

Gravitam ao redor deste racional, pequenos bingos em diversas cidades do Brasil, gerando impostos e empregos aonde existem impostos e empregos a serem gerados.

Esta porém não é uma realidade estática como advogam alguns usando o exemplo de Las Vegas – desenvolvida sob o signo de ilegalidade, bem no mafioso século passado.

Quando há a discussão sobre a distribuição de licenças de jogo a sombra (não a luz!) do pacto federativo, não só criamos produtos e oportunidades que não interessam ao capital investidor como limitamos a possibilidade de maiores investimentos para os grandes centros turísticos. Esta análise de viabilidade não pode ser feita jogando dados políticos e torcendo por um resultado favorável.

Além do entendimento da operação que queremos, estamos naquele momento crítico de definir como ficamos mais bonitos e atraentes aos grandes galãs do jogo no mundo.

A Caixa Econômica Federal precisa estudar e definir um pacote de apoios e incentivos nos mesmos moldes de grandes fábricas etc.

Uma operação deste nível e deste setor enfrentará desafios monumentais para lograr êxito. As barreiras vão desde projetos arquitetônicos e construção civil até o muro quase intransponível da mão de obra turística brasileira.

Recrutar e selecionar funcionários para um hotel cassino relevante será um desafio talvez tão grande quanto treinar e desenvolver as mesmas equipes de cassino, de hospedagem e de alimentação.

O Brasil é a última grande fronteira do jogo mundial. Algo assim como a refilmagem da série dos anos 1960 “Star Trek”, só que com dinheiro de sobra para efeitos especiais.

Receber os investimentos dos grandes “cassineiros” como Apollo Investments, do mega-fichas Stanley Ho ou o one-man-show Sheldon Adelson significa colocar terras bazucas sob os holofotes da imprensa mundial – especializada em turismo ou não.

Veja só: os Portugueses que fincaram o pé em Macau ao redor de 1560, legalizaram o jogo chamado por lá, chamado de “sorte ou azar” em 1847. 1847!

Hoje, 20 anos depois que foi declarada em acordo sino-lusitano “região administrativa especial de Macau”, a receita de impostos do jogo cresce a cada ano e é uma das mais relevantes. Não vou gastar tinta de impressora para falar de empregos, transformação social, receita de impostos, blábláblá.

O que vou fazer é pedir, gentilmente a subcomissão do jogo no Congresso que por favor use o sofá ou desocupe-o de uma vez para acabar com essa ansiedade toda.

* Julio Gavinho é executivo da área de hotelaria com 30 anos de experiência, sócio e Diretor da MTD Hospitality, Diretor Executivo” da Dee Participações e professor do curso de MBA em hotelaria de luxo e do curso de MBA em arquitetura de luxo da Faculdade Roberto Miranda.

Fonte: Vervi Assessoria



O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A poderosa natureza

O dinheiro é um vírus que corrompe tudo e quando a pessoa se “infecta”, dificilmente se livra.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


A maior eleição do mundo e o nacionalismo hindu

O ano de 2024 está sendo considerado o superano das eleições pelo mundo. Ao todo, mais de 50 países terão pleitos variados, dentre os quais o Brasil e os Estados Unidos.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


8 de janeiro

Venho aqui versar a defesa dos patriotas do “mal”

Autor: Bady Curi Neto


Aborto legal e as idiossincrasias reinantes no Congresso Nacional

A Câmara dos Deputados, em uma manobra pouco ortodoxa do seu presidente, aprovou, nessa semana, a tramitação em regime de urgência do Projeto de Lei nº 1904/2024, proposto pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), integrante da ala bolsonarista e evangélica, que altera, sensivelmente, as regras de tratamento do crime de aborto.

Autor: Marcelo Aith


Há solução para as enchentes, mas será que há vontade?

Entre o fim de abril e o início de maio de 2024, a maior tragédia climática da história se abateu sobre o Rio Grande do Sul.

Autor: Alysson Nunes Diógenes