Proteção à vida
Proteção à vida
A atitude do governo federal em reconhecer que não consegue proteger nem 30 dos 165 ativistas da Amazônia, apontados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) como pessoas ameaçadas de morte é lamentável, porém retrata a realidade da precária política nacional no que diz respeito à vida.
Afinal, o direito de viver dignamente é garantido em nossa Constituição, mas em lugar nenhum do país temos total tranquilidade quanto a isso, seja interior, no campo ou nas grandes cidades. Em verdade, o valor da vida humana nunca esteve tão banalizado e diariamente são muitos os episódios de assassinatos e violência de toda ordem. Os motivos são os mais variados, sendo certo que a futilidade dos crimes choca e nos faz refletir sobre a racionalidade do homem. Em recente reunião do vice-presidente da república com ministros, ficou decidido que o governo dará prioridade máxima à proteção de pessoas marcadas para morrer.
Devemos reconhecer que na Zona Rural há historicamente conflitos ferrenhos, como na Região Amazônica, que carece de medidas efetivas de prevenção a líderes rurais, indígenas, quilombolas, sem-terra e ambientalistas. Mas, tudo isso traz a reflexão de um modo geral sobre quem no Brasil não está marcado para morrer, diante da violência que insiste em crescer tanto no interior como nas grandes cidades. No Rio, avançamos nos últimos anos, mas há ainda muito a ser feito. Com as UPPs houve sim melhorias, porém não é o suficiente. Em vez de tantos escândalos políticos, de tanta euforia com a proximidade dos Jogos e de tanto investimento em estádios e arenas esportivas, a sociedade ganharia bem mais com maiores recursos em segurança e na preservação do maior bem de todos nós, a vida.
Marcos Espínola* é advogado criminalista.