Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Resiliência em tempos de distanciamento social

Resiliência em tempos de distanciamento social

29/05/2020 Maísa P. Pannuti

Em meio à experiência que o mundo todo está vivendo, ainda não é possível mensurar o impacto do distanciamento social em nossas vidas, dada a complexidade desse fenômeno e a incerteza do que nos aguarda.

É fato, porém, que o estresse, a ansiedade, o medo e a angústia são sentimentos que, em maior ou menor escala, muitos de nós estamos experimentando, muitas vezes de forma inconsciente, mas que se expressam em momentos de agitação, raiva e impaciência.

De maneira abrupta, nossas relações foram transformadas, a fim de que possamos lidar com esse inimigo que, invisível a olho nu, em nossa mente é representado como o símbolo do perigo.

Mas, o que podemos aprender com essa experiência? E os pequenos? Como será que percebem e lidam com essa situação?

Para isso, vale a pena refletir sobre dois aspectos: a resiliência, que é a capacidade que desenvolvemos em nos adaptar a situações adversas; e a forma como temos educado nossas crianças.

As crianças são muito mais resilientes do que podemos imaginar, e a tendência natural dos pais protegerem seus filhos, algumas vezes, pode levar à falsa interpretação de que eles estão sofrendo em demasia, dadas as limitações que a situação exige. Mas o fato é que eles descobrem formas incríveis e engenhosas de lidar com as adversidades.

O momento sugere uma reflexão a respeito de como estamos educando nossas crianças. Não é sem preocupação que temos verificado a dificuldade de alguns em relação à imposição de limites e de responsabilidades aos filhos.

Muitos têm se eximido dessa árdua tarefa de impor restrições a eles, o que, inevitavelmente, trará frustrações. Ora, mas um aspecto fundamental que deveria ser considerado é que a família é o espaço mais protegido para a criança frustrar-se e sofrer, pois é o local mais cheio de amor.

Educar uma criança não se restringe a proporcionar oportunidades para que aprenda e desenvolva competências para um futuro promissor, mas sim consiste em desenvolver sua autonomia para que tome boas decisões, o que implica levar em conta o outro, respeitar e ter valores morais sólidos.

Qual seria então o papel da frustração no desenvolvimento, uma vez que aprender a se colocar nesse mundo, que é muito complexo, exige uma estrutura emocional que sustente todas as inúmeras adversidades a serem vividas?

Se a criança não aprender a lidar com as inevitáveis frustrações que a vida nos impõe, é possível que tente, na adolescência e na idade adulta, outros subterfúgios para sentir-se bem.

Os pais devem cumprir um importante papel de, ao mesmo tempo, proteger seus filhos, mas também informá-los sobre o que está acontecendo. Proteger não significa omitir informações, o que pode gerar ansiedade nas crianças.

Sem alarmismos, é importante que a família abra um canal de comunicação sobre o que está acontecendo e de que forma a família, junta, irá passar por esse momento. E deixar claro que isso vai passar…

Para os pequenos, o tempo antes destinado a atividades externas deve ser aproveitado para brincar livremente: a criança precisa de espaço para a brincadeira, atividade fundamental a um desenvolvimento emocional saudável.

Temos assistido a uma explosão de criatividade dos pequenos, assim como de muitos pais que, em seus esforços para atender da melhor forma seus filhos, têm construído cabanas no meio da sala, ateliês de artes, assim como se transformado em professores e super heróis…

Uma boa ideia é criar um quadro de tarefas para cada pessoa, incluindo as crianças pequenas… Atividades como molhar plantas, alimentar animais de estimação, guardar brinquedos e arrumar a cama são formas dos pequenos fazerem parte desse momento.

O que podemos então aprender com essa pandemia? A valorizar o trabalho muitas vezes invisível, porém essencial, daqueles que nos fazem falta agora, ou que estão trabalhando por nós; que as crianças podem e devem fazer parte das tarefas domésticas, o que lhes trará um enorme senso de responsabilidade por suas ações (certamente irão refletir antes de deixar roupas e brinquedos espalhados); ao alimentar seus animais de estimação, desenvolverão responsabilidade pela vida de um ser; que não precisamos nos deslocar tantas vezes, evitando assim trânsito e poluição, podendo substituir algumas atividades físicas pelo meios digitais.

"Quando esta fase passar, o que terá nos restado?", muito se perguntam. "Será que sairemos dessa situação mais resilientes para outras que se apresentarão?"

Eu aposto que sim, e que os sobreviventes dessa pandemia serão aqueles que, ao sair dela, conseguirem ressignificar sua vida.

Mas, para isso, nós temos que estar bem, temos que nos cuidar, afinal de contas, somos a referência para as crianças!

* Maísa P. Pannuti é doutora em Educação, é assessora de Psicologia do CIPP - Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento e supervisora do Serviço de Psicologia Escolar - SerPsi - do Colégio Positivo.

Fonte: Central Press



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves