Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Roberto Jefferson x José Dirceu

Roberto Jefferson x José Dirceu

22/10/2010 Helder Caldeira

O universo político brasileiro é tautológico. Pobre daquele que acredita que o grande embate das eleições presidenciais de 2010 está sendo travado entre o tucano José Serra e a petista Dilma Rousseff. Comparar nas urnas as eras Fernando Henrique Cardoso e Lula? Que nada! O tabuleiro de xadrez transformou-se num ringue de sumô, onde os verdadeiros rikishis são Roberto Jefferson e José Dirceu, um agarrado no mawashi do outro.

De um lado, Roberto Jefferson, 57 anos, advogado petropolitano, presidente nacional do PTB, cantor lírico e motociclista nas horas de folga. Na década de 80 pesava mais que a Dona Redonda de Saramandaia e desfilava seu chapéu Panamá em uma F1000, único carro que lhe permitia entrar em pé. Nos anos 90 integrou a tropa de choque contra o impeachment, uma espécia de BOPE do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

A redenção de Roberto Jefferson veio nos primeiros anos desse novo século. Começou a fazer aulas de canto e desfez-se de uma centena de quilos que lhe sobravam. Rejuvenesceu. Ficou garotão. Nesse impulso de rebeldia pueril, despiu-se no meio da avenida política. Subiu à tribuna e denunciou o maior escândalo de corrupção da história recente da República. Seu depoimento na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, no dia de seu aniversário, foi mais assistido que final de Copa do Mundo. Mas, como dedou a ladroagem de seus pares, foi torturado e cassado. Recentemente lançou um CD de músicas românticas onde, entre outras pérolas, cantam bem “Fly me to the Moon” e “Smile”.

Do outro lado, José Dirceu, 64 anos, mineiro de Passa-Quatro (o que, na enciclopédia da corrupção, parece-me bastante sugestivo), também é advogado e membro da executiva nacional do PT, para os quais é um símbolo de resistência. Foi um dos presos políticos trocados pela libertação do embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado nos Anos de Chumbo. Foi deportado para o México e, logo depois, exilou-se em Cuba. Nas tentativas de voltar ao Brasil clandestinamente, transformou o rosto com plásticas e mudou de nome, dando origem ao hoje famigerado “Zé” Dirceu.

Com a eleição de Lula em 2002, passou a ser o segundo homem mais poderoso da República, como ministro-chefe da Casa Civil. Após ser acusado de chefiar uma quadrilha política que assaltava os cofres do país, de comprar deputados no escândalo conhecido como Mensalão e de provocar “instintos primitivos” em Roberto Jefferson, Dirceu deixou o ministério e, posteriormente, teve seu mandato de deputado federal cassado. Assim como Jefferson, mantem um blog na internet onde escreve “abobrinhas”.

Nestas eleições presidenciais, estão em campos opostos. Dirceu integra a campanha da companheira Dilma Rousseff. Jefferson engrossa a massa do comitê do tucano José Serra. Nos bastidores, o grande burburinho é para saber quem sairá vitorioso e regressará ao Palácio do Planalto com direito a tapete vermelho, aplausos efusivos da plateia e, quem sabe, levar de brinde um ministério ou uma estatal. Quem vencerá: José Dirceu ou Roberto Jefferson? Está oficialmente aberta a temporada de apostas. Façam as suas!

* Helder Caldeira - Escritor, Articulista Político, Palestrante e Conferencista - [email protected]



O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A poderosa natureza

O dinheiro é um vírus que corrompe tudo e quando a pessoa se “infecta”, dificilmente se livra.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


A maior eleição do mundo e o nacionalismo hindu

O ano de 2024 está sendo considerado o superano das eleições pelo mundo. Ao todo, mais de 50 países terão pleitos variados, dentre os quais o Brasil e os Estados Unidos.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray