Sobre o respeito à individualidade
Sobre o respeito à individualidade
Gays e cristãos não se entendem muito bem neste país.
Não é novidade que gays e cristãos não se entendem muito bem neste país. Se por um lado, cristãos conservadores almejam manipular a máquina estatal para transformar o Brasil num verdadeiro estado teocrático, o movimento LGBTT não dá o braço a torcer.
O que mais vemos são cenas do tipo: travesti vestido de cinta-liga e véu preto trava discussão dentro de uma igreja com o padre. Beijaços gays em eventos evangélicos e imagens de santos sendo enfiados no ... bem... Vocês sabem onde. Penso que o cerne da questão encontra-se justamente na falta de respeito da individualidade de cada um.
Dos dois lados vemos exigências insanas e desordenadas. Cristãos berram se gays querem casar. Gays berram se cristãos dizem que homossexualidade é pecado. O desentendimento é tão crônico e tão desajustado que os revides ocorrem todo dia. O negócio está tão quente que os barracos entre essas duas forças políticas está dando mais ibope do que as novelas apelativas. O clima está tenso! E há culpa de ambos os lados. Cristãos apelam para o fato de constituírem maioria.
Usam o discurso da democracia para impor uma verdadeira ditadura, como se o Estado tivesse que adotar necessariamente a moral cristã. Não só os gays que se sentem incomodados com isso. Representantes de outras religiões, agnósticos e ateus também. Já os gays perderam a linha há muito tempo. Não existe mais discurso. Eles estão apelando para a extravagância nas manifestações e para o desrespeito. Confundem ter direitos respeitados com aceitação unívoca de todos.
Querem, se possível, destruir todos os exemplares da Bíblia e desenhar órgãos genitais em todos os lugares. Acham que a laicidade estatal lhes dá o direito de entrarem em cultos e igrejas atacando os princípios mais básicos da religião cristã. Soube há pouco que houve um casal pleiteando judicialmente casamento na igreja. No mais, penso que cristãos deveriam deixar de se intrometer na esfera íntima das pessoas e guardarem seus princípios para si e o movimento LGBTT deveria parar com esse complexo de inferioridade de achar que todos devem aceitar lésbicas, travestis, bissexuais, etc, sem torcer o nariz. Em suma: cada um deveria ficar em seu quadrado.
*Natália Vilarouca é Acadêmica de Direito da UNIFOR e Especialista do Instituto Liberal.