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Sou uma péssima professora!

Sou uma péssima professora!

18/10/2019 Janaína Spolidorio

Sou uma péssima professora! Primeiramente, porque ser professor não foi minha primeira escolha de carreira.

Sou aquela que experimentou a sala de aula e foi ficando. A cada novo amanhecer de descobertas a educação me conquistou, pouco a pouco.

A cada novo desabrochar de aprendizagens das crianças, a educação me mostrou o impacto que eu poderia ter na vida das pessoas.

Me tornei consciente do meu poder de mudança e do quanto eu poderia influenciar meus alunos. Foi a educação quem me escolheu e de forma alguma eu quem escolhi ela.

Sou aquela professora “ruim”, que não admite que os alunos chamem de “tia”, exige sempre o melhor que cada um pode oferecer, não  aceita tarefas incompletas e só corrige a lição se estiver bem organizada e com tudo bem colorido, cabeçalho completo e letra legível.

Não arrumo os materiais dos alunos, porque eles precisam aprender a se organizar sozinhos, então apenas oriento. Não dou respostas prontas, porque na minha concepção de aprendizagem é melhor responder uma pergunta com outra.

Meus focos são respeito à minha profissão, crença nas próprias capacidades, desenvolvimento de autonomia e criticidade.

Sou a professora péssima e antissocial, que enquanto os colegas de trabalho conversam sobre as melhores receitas, o último episódio da novela e reclamam do quanto estão com o salário ruim, fica corrigindo lições dos alunos no ambiente de trabalho, ou vai para a sala de aula arrumar alguma atividade que vai ser dada no dia seguinte.

Não vejo sentido em deixar as lições e relatórios para corrigir e fazer em casa, quando tenho tempo na reunião semanal para fazer na escola e nem entendo porque os colegas estão cogitando se não seria interessante fazer uma greve para aumento de salário, se em vez de se dedicarem ao trabalho para requisitar um aumento salarial baseado em resultados de sua qualidade profissional apenas reclamam, conversam sobre futilidades e não priorizam o trabalho em ambiente escolar.

Procuro não colocar meu ponto de vista em questões que são polêmicas e não chegam a lugar algum… porque discutir não irá mudar fatos que já estão prontos.

Descobri que as escolas são cheias de questões deste jeito! Me ausento de discussões sem sentido e participo somente quando solicitado.

Não tenho o hábito de enviar alunos para a coordenação com frequência, porque tenho a impressão de que perderei um pouco do respeito da criança demonstrando que não dei conta de resolver o problema.

Procuro buscar ajuda somente quando é algo muito fora de minhas condições de resolução ou que não fazem parte de meu trabalho.

Por ser uma professora péssima, me deixei envolver pela profissão e hoje me dedico a desvendar a beleza da educação a outros professores, em meu Canal YouTube, por meio dos materiais didáticos que elaboro e produzem uma aprendizagem mais efetiva e com maior sucesso para o trabalho do professor e em meus podcasts sobre questões educacionais.

Espalho pelas minhas redes sociais um pouco da luz que a educação precisa, por meio de postagens que trazem formações pedagógicas, exemplos práticos para a aula e até mesmo puxões de orelha bem direcionados!

Por ser uma professora péssima, na última reunião de pais do ano, por incontáveis vezes, vi a expectativa das crianças ao me perguntarem se poderia ser a professora deles no próximo ano e as lágrimas rolarem em seus rostos pela incerteza de uma resposta, afinal de contas, não cabe ao professor escolher.

Por ser uma professora péssima, tenho mais tempo com a família, por fazer meu trabalho na escola, consigo secretamente alguns agrados do diretor que os colegas nem sonham em pedir, recebo elogios dos pais dos alunos, que inclusive falam no ano seguinte que gostariam que o filho me pegasse de novo como professora e sou a primeira a quem os colegas recorrem quando precisam de uma atividade ou conselho.

Por ser tão péssima assim, faço uma real diferença na vida das pessoas, demonstro o que é se dedicar à profissão buscando a competência, promovo uma valorização do trabalho que realizo e ainda conquisto respeito da comunidade.

Sei que há mais péssimos professores no Brasil, mas julgo que não seja ainda em quantidade suficiente. Me pergunto o que aconteceria com o país se não fossem os péssimos professores?

* Janaína Spolidorio é especialista em educação, formada em Letras, com pós-graduação em consciência fonológica e tecnologias aplicadas à educação e MBA em Marketing Digital.

Fonte: EVCOM



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