Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Tédio é a falta de projeto

Tédio é a falta de projeto

18/04/2016 José Pio Martins

Recentemente, deparei-me com duas situações.

Na primeira, eu almoçava com dois amigos, ambos na faixa dos 55 anos de idade, funcionários públicos bem remunerados e entrando na aposentadoria.

A conversa girava em torno do que fazer com os muitos anos de vida à frente. Na outra situação, conversava comigo uma mulher que trabalha como voluntária em uma instituição de câncer infantil, e ela me dizia que essas instituições enfrentam dois grandes desafios: conseguir doações e recrutar pessoas para trabalho voluntário no atendimento às crianças.

Um dos amigos comentava que muitos funcionários públicos bem pagos se acomodam no salário elevado e na estabilidade do emprego, não se interessam por outras atividades e, quando vem a aposentadoria, entram em inatividade e preenchem seus dias em viagens e ócio.

Passados alguns meses, começam a ficar angustiados, surge o vazio existencial e muitos entram em depressão. Alguns não conseguem se desapegar da repartição e ficam retornando a ela como se não tivessem saído dali.

Essa situação se repete, ou pode se repetir, com qualquer um que se aposenta e fica perdido sem saber o que fazer com o tempo livre. Falei aos amigos sobre o relato da mulher voluntária e lembrei-lhes uma frase de Divaldo Franco, conhecido orador espírita.

Perguntado sobre que conselho daria aos que sofrem de solidão nas grandes metrópoles, ele respondeu: “a solidão da metrópole não é a solidão que o rodeia, é a solidão que o habita”. E então ele disse: “Pratique a solidariedade, pois não é solitário quem é solidário”.

Divaldo mencionou as centenas de pessoas que jazem em leitos de hospitais, muitas delas sozinhas, apenas aguardando a hora de morrer, desejosas de que apareça alguém para conversar ou contar-lhes uma história.

Para um aposentado de boa renda e com o tempo livre, as opções do que fazer são muitas. O ócio, o tédio e a falta de motivação derivam da falta de projeto. Fazer cursos, estudar um idioma, dar aulas gratuitamente, fazer trabalho voluntário, dedicar-se a atividades sociais... as opções são muitas.

A solidariedade faz bem a quem a pratica. A bem dizer, o brasileiro não é dado a atividades sociais de benemerência. Doar alimentos no Natal, distribuir roupas usadas no inverno ou ainda contribuir com doações quando ocorre uma enchente é muito pouco, e é uma forma de disfarçar nosso baixo índice de solidariedade.

Em países adiantados, é alto o número de pessoas com atividade social rotineira e que fazem doações filantrópicas regularmente. Aqui no Brasil, é difícil as pessoas enfiarem a mão no bolso para ajudar as instituições de caridade. Lembro-me de certa reportagem que falava da falta de papel higiênico em uma universidade pública de São Paulo.

Um dirigente da instituição afirmou: “Há empresários muito ricos que se formaram aqui e nunca doaram um centavo à instituição. A universidade de Harvard recebe US$ 30 bilhões em doações anualmente”. No Brasil, muitas pessoas justificam a falta de disposição para doar sob o argumento de que há muito desvio.

É verdade. Mas há formas de doar seu tempo ou dinheiro diretamente aos necessitados sem que nenhum malandro roube no meio do caminho. O trabalho voluntário é uma delas, e ainda ajuda a diminuir o tédio derivado de nada fazer.

Infelizmente, a corrupção e os desvios reduzem o grau de confiança da sociedade nas instituições. E a falta de confiança reduz a benemerência. Mas dá para contornar o problema, basta querer.

* José Pio Martins é economista e reitor da Universidade Positivo.



Eleições para vereadores merecem mais atenção

Em anos de eleições municipais, como é o caso de 2024, os cidadãos brasileiros vão às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Autor: Wilson Pedroso


Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


O Pronto Atendimento e o desafio do acolhimento na saúde

O trabalho dentro de um hospital é complexo devido a diversas camadas de atendimento que são necessárias para abranger as necessidades de todos os pacientes.

Autor: José Arthur Brasil


Como melhorar a segurança na movimentação de cargas na construção civil?

O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos.

Autor: Fernando Fuertes


As restrições eleitorais contra uso da máquina pública

Estamos em contagem regressiva. As eleições municipais de 2024 ocorrerão no dia 6 de outubro, em todas as cidades do país.

Autor: Wilson Pedroso