Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Vergonha: um orgulho familiar

Vergonha: um orgulho familiar

11/08/2020 Acedriana Vicente Vogel

Ouso iniciar a reflexão sobre o sentimento de vergonha pela adaptação da célebre frase: diga-me do que tens vergonha, que eu te direi quem és!

É fato que a geração 'hipermoderna' possui um desejo frenético de desafiar os limites.

Como em seus games, vai "passando de fases", uma após a outra, como se não existisse um fim. E, nesse afã, imprime à vida um ritmo refratário às regras de convivência social.

A família, nesse contexto, mais do que qualquer outra instituição social, é responsável pela fecundação de valores que serão, paulatinamente, associados à identidade de cada um dos seus membros.

Para tanto, os adultos devem responder, de forma consciente, pelo plantio e pelo cultivo das relações, coerentes com os valores que acreditam.

De que maneira? Construindo vínculos afetivos de confiança e respeito, fontes de admiração e referência.

Como? Bem simples. Por exemplo, quando um adulto, com um olhar irradiante, se põe de joelhos diante da criança que ensaia os primeiros passos e, por um movimento de encorajamento com as mãos, diz: "vem, pode vir"... faz a criança acreditar em si de forma confiante.

Porque há alguém à sua frente com alta expectativa em relação aos seus avanços, pronto para ampará-lo nas suas vitórias e nos seus fracassos.

Portanto, receber créditos, ser acreditado pelos adultos da família é o maior investimento na construção da identidade de uma vida humana.

Nesse momento, pode vir à pergunta: mas, o que tudo isso tem a ver com o tema vergonha, proposto para esse artigo? E, ainda mais: tenho que sentir orgulho da vergonha que meus filhos sentem?

Se me faço humano no espaço social, o sentimento de vergonha é condição necessária para o agir moral. Agir, entendendo que há limites, porque há o outro na relação.

O biólogo Darwin diagnosticou que "o enrubescer é a mais especial e a mais humana de todas as condições humanas".  É o momento que eu me situo diante dos meus valores.

Não há quem não queira se ver como um 'ser de valor', bem como ser visto dessa forma por aqueles por quem guarda admiração, confia e respeita.

Por esse motivo, o sentimento de vergonha acaba por regular as relações interpessoais e intrapessoais relevantes para a nossa experiência com o mundo.

Para sentir vergonha, a pessoa deve comparar se a sua ação contraria ou não algum referencial próprio que constitui o seu arcabouço de valores, cuja família tem por princípio cultivar entre os seus integrantes, desde a mais tenra idade.

Por exemplo, se não roubar, não mentir, não humilhar para mim são valores, logo sinto vergonha de roubar, de mentir, de humilhar.

Há um grito latente que convida à responsabilidade do cultivo à vergonha, para se inserir como membro de uma sociedade, ou melhor, como um parceiro cooperativo: cidadão!

Aquele que não é indiferente, aquele que é capaz de se indignar com o "sem vergonha" e exigir "vergonha na cara".

Se a família, a escola e todas as outras instituições formativas investirem com intensidade no combate à indiferença, no movimento de indignação diante daquilo que não tem aderência com os valores que assumimos e com os quais nos identificamos, teremos uma sociedade mais justa, da qual tenhamos orgulho de fazer parte, pois a impunidade não se legitimará.

* Acedriana Vicente Vogel é diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.

Fonte: Central Press



2024, um ano de frustração anunciada

O povo brasileiro é otimista por natureza.

Autor: Samuel Hanan


Há algo de muito errado nas finanças do Governo Federal

O Brasil atingiu, segundo os jornais da semana passada, cifra superior a um trilhão de reais da dívida pública (R$ 1.000.000.000.000,00).

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O mal-estar da favelização

Ao olharmos a linha histórica das favelas no Brasil, uma série de fatores raciais, econômicos e sociais deve ser analisada.

Autor: Marcelo Barbosa


Teatro de Fantoches

E se alguém te dissesse que tudo aquilo em que você acredita não passa de uma mentira que te gravaram na cabeça? E que o método de gravação é a criação permanente de imagens e de histórias fantásticas?

Autor: Marco Antonio Spinelli


Esquerda ou direita?

O ano de 2020 passou, mas deixou fortes marcas no viver dos seres humanos.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O investimento público brasileiro e a estruturação social inclusiva

O investimento público desempenha um papel crucial no desenvolvimento de uma nação.

Autor: André Naves


Eleições 2024: o que vem pela frente

Em outubro de 2024, os brasileiros retornarão às urnas, desta vez para eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores de seus municípios.

Autor: Wilson Pedroso


Seja um líder que sabe escutar

Uma questão que vejo em muitas empresas e que os líderes não se atentam é sobre a importância de saber escutar seus colaboradores.

Autor: Leonardo Chucrute


Refugiados, ontem e hoje

A palavra “refugiados” vem da palavra fugir.

Autor: Solly Andy Segenreich


A solidão do outro lado do mundo

Quem já morou no exterior sabe que a vida lá fora tem seus desafios.

Autor: João Filipe da Mata


Um lamento pelo empobrecimento da ética política

Os recentes embates, físicos e verbais, entre parlamentares nas dependências da Câmara Federal nos mostram muito sobre o que a política não deve ser.

Autor: Wilson Pedroso


Governar com economia e sem aumentar impostos

Depois de alguns tiros no pé, como as duas Medidas Provisórias que o presidente editou com o objetivo de revogar ou inviabilizar leis aprovadas pelo Congresso Nacional - que foram devolvidas sem tramitação - o governo admite promover o enxugamento de gastos.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves