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Quando as fábricas forem operadas por robôs o que acontece com a economia?

Quando as fábricas forem operadas por robôs o que acontece com a economia?

27/12/2025 Jânyo Diniz

A indústria global acaba de cruzar um marco simbólico e inquietante.

Quando as fábricas forem operadas por robôs o que acontece com a economia?

Uma empresa chinesa realizou recentemente a primeira entrega em massa de robôs humanoides para atuarem diretamente em linhas de produção, substituindo tarefas que até ontem dependiam exclusivamente de trabalhadores humanos. Não se trata mais de experimentação, mas de implantação real, em escala crescente, em ambientes industriais onde a precisão, a repetição e a força física sempre foram parâmetros determinantes. Para alguns, trata-se de um avanço natural da tecnologia, uma vitória da eficiência e da produtividade. Para outros, como eu, esse é o momento de fazer a pergunta que realmente importa: o que acontece com a economia quando máquinas passam a ocupar, de forma ampla e permanente, o lugar do trabalho humano?

O avanço recente dos robôs humanoides mostra que já não estamos discutindo cenários distantes: estamos observando os primeiros sinais de uma transformação estrutural. O ponto central é que a automação está deixando de ser complementar para se tornar substitutiva. Robôs humanoides capazes de operar máquinas, mover cargas, realizar montagens e interagir com ambientes projetados para humanos inauguram um novo patamar de eficiência. Isso pressiona diretamente o mercado de trabalho, reduzindo a necessidade de contratações, comprimindo salários e alterando a estrutura da renda.

Em um primeiro momento, empresas capturam ganhos de produtividade. Em um segundo, a economia sofre os efeitos da diminuição da renda disponível: menos consumo, menos circulação de capital e risco de estagnação em setores dependentes do poder de compra das famílias. A história econômica mostra que grandes saltos de produtividade só se convertem em prosperidade quando seus benefícios são distribuídos. Caso contrário, ampliam desigualdades.

Há ainda um componente social delicado. A automação em larga escala tende a afetar primeiro os trabalhadores menos qualificados, aqueles mais expostos a tarefas repetitivas e rotineiras. Isso aprofunda desigualdades e cria bolsões de exclusão, sobretudo em países de renda média, como o Brasil, onde a formação profissional não acompanha a velocidade da inovação tecnológica. O risco não é apenas econômico: é também social e territorial. Regiões inteiras podem perder dinamismo se não houver políticas robustas de transição, requalificação e suporte à reinserção produtiva.

O caminho para enfrentar esse desafio começa pela educação superior. Precisamos formar profissionais capazes de trabalhar com a inteligência artificial, e não apesar dela. Isso significa desenvolver competências analíticas, criativas e tecnológicas que permitam ao trabalhador supervisar processos automatizados, solucionar problemas complexos e inovar em áreas onde a IA ainda não alcança. É a essência da trabalhabilidade: a capacidade de continuar relevante em um mundo em constante mudança.

No entanto, a educação sozinha não dá conta do desafio. É preciso alinhar políticas públicas, financiamento estudantil contingente à renda e mecanismos de proteção social que garantam requalificação permanente. Da mesma forma, a regulação da automação deve ser inteligente: não pode frear a tecnologia, mas precisa garantir que os ganhos de produtividade sejam acompanhados de estratégias de inclusão e preservação da coesão social.

A verdade incômoda é que, se a automação avançar de maneira desordenada, poderemos ver o enfraquecimento estrutural da renda do trabalho, que é o alicerce do consumo, da previdência e da estabilidade econômica. O risco não é o fim do trabalho, mas o fim do trabalho como fundamento da renda.

A prosperidade gerada pela automação só será legítima se também for humana. Estamos diante de uma encruzilhada histórica: ou orientamos a tecnologia para promover desenvolvimento inclusivo, ou permitimos que ela aprofunde desigualdades e fragilize o tecido social. O futuro não será definido apenas pelos robôs que construímos, mas pelas escolhas que fazemos agora para garantir que ninguém seja deixado para trás.

Foto: Divulgação/Freepik

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