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Como o Brasil se tornou uma potência agrícola mundial?

Como o Brasil se tornou uma potência agrícola mundial?

14/11/2025 Valter Casarin

Sem a adubação correta, o salto de produtividade seria impensável.

Como o Brasil se tornou uma potência agrícola mundial?

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de produtos agrícolas, apesar de uma desvantagem significativa: seu solo exige a aplicação de produtos e insumos para atingir os níveis ideais de nutrientes para o crescimento das plantas. 

Solo tropical significa altas temperaturas médias e chuvas intensas, uma característica que existe desde os tempos pré-históricos. As reações químicas induzidas por essas condições reduziram a quantidade de nutrientes nas terras agrícolas e, portanto, na sua fertilidade.

No Brasil, a escassez de terras naturalmente férteis para alimentar uma população crescente levou à expansão da atividade agrícola para o Cerrado. Nas últimas décadas, investimentos públicos maciços têm apoiado a pesquisa agrícola e incentivado o setor agropecuário nessa região. Esse fato proporcionou ao Cerrado se tornar um dos principais polos de produção agrícola, pecuária e plantio de florestas. O sucesso desse esforço de desenvolvimento abre novas possibilidades para a expansão agrícola sustentável e de alta produtividade.

A expansão da agricultura nessa região foi possibilitada por condições naturais favoráveis, incluindo chuvas abundantes, temperaturas amenas, topografia adequada à mecanização e boa drenagem do solo. Ainda assim, a produtividade é limitada por características desfavoráveis do solo, como alta acidez e teor de alumínio, baixa fertilidade e má retenção de água. A adoção de novas tecnologias, como correção da acidez do solo, adubação adaptada e a agricultura de precisão, permitiu que a agricultura se estabelecesse com sucesso na região.

Mesmo com essas condições desfavoráveis, o país continua produzindo cada vez mais alimentos, às vezes com duas ou três safras por ano, ao contrário da maioria dos outros países, que conta com uma safra anual somente.

Outros fatores também se mostraram necessários para tornar a expansão agrícola economicamente viável. Foi necessário desenvolver fontes locais de calcário e fertilizantes, e estudar as taxas de aplicação economicamente vantajosas para culturas anuais e perenes. A fertilização equilibrada, baseada nas necessidades nutricionais das plantas, levou a maiores rendimentos.

O uso de calcário e fertilizantes minerais foi decisivo para corrigir a acidez, repor nutrientes essenciais (como fósforo, nitrogênio e potássio) e permitir o desenvolvimento de cultivos de alto rendimento. Sem a adubação correta, o salto de produtividade seria impensável. A soja, que hoje rende mais de 3,5 toneladas por hectare, produziria menos de um terço disso. O milho, que alcança 10 a 12 toneladas por hectare nas regiões mais tecnificadas, cairia para menos de 3 toneladas sem reposição de nutrientes. Em outras palavras, fertilizantes não apenas aumentam a produção, mas viabilizam a agricultura tropical.

Os fertilizantes não são apenas instrumentos de produtividade, mas também de eficiência e sustentabilidade, pois aumentam o uso racional da terra, reduzindo a necessidade de abrir novas áreas agrícolas, como também melhoram o balanço de carbono e o uso eficiente da água ao promover plantas mais vigorosas.

Com o crescimento populacional e o papel do Brasil como grande exportador de alimentos, os fertilizantes são essenciais para garantir segurança alimentar global.A experiência brasileira mostra que fertilidade construída é produtividade garantida.

O uso correto de fertilizantes, aliado ao manejo do solo, rotação de culturas e boas práticas agrícolas, é o caminho para uma agricultura produtiva, sustentável e competitiva.
Mais do que insumos, os fertilizantes são instrumentos de transformação de solos pobres em terras férteis e produtivas.

Mas o papel dos fertilizantes vai além da produtividade. Eles são também aliados da sustentabilidade. Ao elevar a eficiência do uso da terra e da água, reduzem a pressão sobre novas áreas de cultivo e contribuem para o equilíbrio ambiental. O uso racional e planejado desses insumos, combinado com boas práticas agrícolas, é uma das formas mais eficazes de conciliar produção e conservação.

Nos últimos anos, a tecnologia dos fertilizantes evoluiu rapidamente. O desenvolvimento de fontes adaptadas aos solos tropicais, capazes de liberar nutrientes de forma mais eficiente e reduzir perdas, tornou-se uma prioridade. Fertilizantes fosfatados especiais, produtos com liberação controlada, adubos organominerais e soluções que incorporam bioinsumos são exemplos de uma nova geração de tecnologias que unem produtividade, economia e sustentabilidade. A agricultura brasileira é, antes de tudo, uma história de superação dos limites da natureza. Boa parte do território nacional é formada por solos tropicais altamente intemperizados, ácidos e pobres em nutrientes, condições que, à primeira vista, pareciam incompatíveis com uma agricultura de alta produtividade. Mas foi justamente nesse cenário desafiador que o Brasil construiu uma das mais impressionantes trajetórias agrícolas do mundo.

Essa intensificação sustentável é uma das grandes conquistas da agricultura moderna. Produzir mais, em menos espaço, com eficiência e responsabilidade ambiental.
Cada hectare bem nutrido representa não apenas maior produção de alimentos, mas também menos pressão sobre novas áreas, ajudando a preservar florestas e ecossistemas nativos. Fertilizantes não são apenas insumos: são instrumentos de transformação, ciência aplicada à terra, energia que alimenta o ciclo da vida e sustenta o alimento que chega ao nosso prato.

Em solos pobres, a tecnologia fez brotar abundância. E é essa combinação entre conhecimento, manejo e nutrição que continuará guiando o Brasil pelo caminho das altas produtividades com sustentabilidade, produzindo mais, em menos área, e com respeito à natureza.

* Valter Casarin, coordenador geral e científico da Nutrientes Para a Vida é graduado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, em 1986 e em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP, Piracicaba, em 1994.

Foto: Divulgação/Freepik

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