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Embarcar ou não?

Embarcar ou não?

25/04/2023 Coriolano Xavier

As mudanças no mundo contemporâneo são tantas, às vezes, que se perde um pouco a visão do todo e o sentido estratégico que as transformações estão apontando.

Embarcar ou não?

Parece que o agro vive um desses momentos. É só espiar alguns fatos divulgados nos últimos meses.

Produtores do Nordeste devem começar neste ano a multiplicar a planta agave (matéria-prima da tequila), que por aqui está sendo olhada por seu potencial na produção de biocombustível. Uma das gigantes do setor petrolífero (Shell) já teria investido cerca de R$ 30 milhões para testar, com a Unicamp, a performance da planta nas condições regionais de clima e solo, bem como na geração de combustível. Se a ideia evoluir, abre portas para avanços socioeconômicos na região, e já sob uma perspectiva de cadeia produtiva integrada.

No Paraná, em março, foi inaugurado o enorme Núcleo Genético de Suínos, com biossegurança absoluta e sustentabilidade de ponta a ponta do processo produtivo, capaz de produzir mais de 100.000 animais/ano. Instalado em Paranavaí, é um dos mais avançados pólos de inovação genética do mundo, o maior da América Latina, e está integrado a uma rede mundial de granjas elite de melhoramento genético. O que eleva o Brasil à condição de exportador de genética suína, colocando o país no mapa global da excelência genética desse setor.

Durante a COP 27, no Egito, recentemente, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira concluiu acordo com as autoridades alfandegárias daquele país, prevendo a redução de 85% no tempo gasto para despacho dos documentos de cargas enviadas para lá. Queda de 21 para 3 dias no tempo do processo, viabilizada pela plataforma Easy Trade, criada pela própria Câmara. Fim de teias burocráticas, ganho de eficiência alfandegária e a tendência dessa expertise se multiplicar.

Pela mesma época, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu para sua presidência o brasileiro Ilan Goldfajn, ex-presidente do nosso Banco Central. Comentando as prioridades de sua gestão, neste ano, Goldfajn mencionou: questão do clima; ampliação de infraestrutura; apoio aos mais vulneráveis; e Amazônia. Visão alinhada aos pilares da gestão ESG, de ênfase em fatores sociais, ambientais e de governança. Sinal de que os ventos dos investimentos internacionais estão soprando, cada vez mais, nessa direção.

Segundo o Ministério das Comunicações, no final de 2022 só 24% da população tinha acesso ao 5G, principalmente nas capitais. Mas esta realidade vem mudando aos saltos e vai sacudir o agro: velocidade de conexão dez vezes maior, agilizando a transmissão de dados, o uso de inteligência artificial e de plataformas para predição de riscos sanitários ou nutricionais nos cultivos. Tradução: maior rapidez e apuro da informação, com melhoria dos sistemas e da comunicação, aguçando a gestão tecnológica e de negócios do setor.

Em abril começou o Programa AgroCapitais, para fomentar informações sobre o potencial do mercado de capitais para a agropecuária. Levar ao empreendedor rural conhecimento sobre o uso dos principais instrumentos e ferramentas desse mercado e seu papel como alternativa de financiamento de capital para alavancar negócios. Goiás foi o Estado do primeiro evento e a iniciativa é do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA), com apoio da CVM/IPA/B³.

De olho no aumento da demanda de produtos mais sustentáveis e, também, em suas próprias metas de redução de emissões de CO², a Bunge está apoiando um grupo de produtores (grãos) a mudar seus sistemas de produção para modelos de agricultura regenerativa. Já nessa fase-piloto, no Cerrado, entram na operação uma consultoria tecnológica e uma agfintech, ambas ligadas à multinacional. Como a empresa conta com 12 mil produtores em sua cadeia, é de se esperar transformações tecnológicas relevantes, caso a iniciativa ganhe escala rapidamente.

O gigante chinês de comércio digital global, Alibaba, revelou planos de replicar sua plataforma Taobao Villages no Brasil, acessando a pequenos produtores e cooperativas a tecnologia para oferecerem seus produtos no e-commerce da China. Vender diretamente para o consumidor chinês, obtendo renda com essas transações. A ideia inclui capacitar produtores em técnicas de marketing digital e exportação. Olhando pela perspectiva de acelerar a inclusão de pequenos produtores ao mercado, é uma proposta que faz a gente pensar.

O ponto comum desses fatos é que em boa medida são estruturantes. Mexem com a natureza, as relações produtivas, a estrutura tecnológica e de capital de diferentes cadeias. Na história, há momentos em que uma convergência de forças muda os cenários e o rumo das atividades humanas. Modernamente, essas forças têm estado associadas à ciência e tecnologia. É o que pode estar acontecendo no agro. Embarcar ou ficar no ainda considerado porto seguro?

* Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico Agro Sustentável.

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Fonte: Alfapress Comunicações



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