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A natureza não negocia: adverte e reage

A natureza não negocia: adverte e reage

30/08/2025 Benedicto Ismael Camargo Dutra

Um chamado à lucidez ecológica: a Terra levou bilhões de anos para se tornar um lar hospitaleiro aos seres humanos.

A natureza não negocia: adverte e reage

De partículas cósmicas ao florescimento da vida, cada etapa foi cuidadosamente moldada pelas leis da natureza — leis que não foram escritas por mãos humanas, mas são universais e sustentam tudo o que somos. No entanto, em nome do progresso, temos ignorado esses imutáveis códigos ancestrais.

Grandes obras, como a barragem hidrelétrica de Motuo, projetada para ser a maior usina hidrelétrica do planeta no rio Yarlung Tsangpo, na Região Autônoma do Tibete, é um majestoso projeto que revela o poder da engenharia, o poder do homem e, ao mesmo tempo, a displicência que nos afasta do essencial: a preservação da natureza, o equilíbrio ecológico. Ao desviar o curso natural do rio Yarlung Tsangpo, que alimenta comunidades da Índia e Bangladesh, o ser humano interfere nos sistemas da natureza, sem conhecer exatamente que consequências poderão resultar disso.

Esse tipo de atitude da humanidade, sequiosa por ganhos e obras faraônicas para se evidenciar, se opõe à preservação das condições de sustentabilidade da natureza e seus automáticos sistemas. Um exemplo no Brasil é o da Nova Raposo, planejada para interligar as cidades paulistas de Cotia, Itapecerica da Serra e Embu das Artes, cujo projeto ameaça derrubar milhares de árvores nativas, fragmentar corredores ecológicos e comprometer mananciais vitais como o rio Embu-Mirim e o rio Cotia.

Evidencia-se a fragilidade da conexão entre o Rodoanel e a BR-116, que continua travando o acesso aos municípios de Embu das Artes e Itapecerica da Serra. Trata-se de um problema conhecido há anos, mas ainda sem solução eficiente. Uma das justificativas para o prolongamento da Nova Raposo seria aliviar essa pressão viária, criando nova rota justamente no coração de áreas de preservação, o que tende a induzir ocupações precárias e desordenadas, como já ocorreu nas bordas do próprio Rodoanel e da BR-116.

A falta de adequação, através de planejamento integrado com a natureza e em audiências públicas, revela um modelo de desenvolvimento que prioriza o fluxo de veículos, mas negligencia o direito à cidade, à natureza e à participação popular dos defensores da sustentação da vida. Essa obra também tem como proposta estratégica conectar diretamente a Rodovia Castelo Branco (SP-280) à Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), criando novo eixo de escoamento logístico que passaria por zonas de Mata Atlântica e áreas de preservação permanente.

Estima-se que mais de 350 nascentes e 50 km² de Mata Atlântica serão impactados, colocando em risco mais de 300 espécies da fauna local, incluindo onças-pardas, bugios e jaguatiricas. Na natureza nada é supérfluo. A estupidez humana, embriagada por objetivos econômicos e conquistas tecnológicas, tornou-se incapaz de ver o invisível: os segredos do salutar equilíbrio. Perdemos a reverência pelas coisas naturais criadas sem a participação do ser humano, as quais estão à disposição de todos como alimentos, o ar, o solo, a água, o sol, e esquecemos que conhecimento sem humildade se transforma em ferramenta insensata de destruição.

Esse cenário é consequência de um modelo histórico que trocou as ferrovias, menos poluentes e mais integradoras, pelas rodovias, consolidando o tráfego de carretas que consomem óleo diesel e emitem toneladas de CO₂ todos os dias. A lógica rodoviarista transformou a paisagem e a política pública, priorizando asfalto ao invés de mobilidade sustentável. Aquilo que deveria ser um país abençoado evoluindo em paz se apresenta caótico e desordenado nas ruas e rodovias estreitas.

Mas nem tudo está perdido. Ainda existem olhares atentos, mãos cuidadosas e vozes que insistem em lembrar que progresso sem respeito à natureza, que nutre nosso corpo, é retrocesso. Que restauração e preservação é tão valiosa quanto inovação. Que estudar a natureza e suas leis, absolutamente lógicas, é um dever, não para dominá-la, mas para aprender com ela e obter os frutos que oferece.

No entanto, em nome do progresso, temos ignorado esses códigos ancestrais. Grandes obras, como a barragem hidrelétrica de Motuo no Tibete, ou o projeto de prolongamento da Rodovia Nova Raposo em São Paulo, revelam a capacidade da engenharia e, ao mesmo tempo, a cegueira que nos afasta do essencial: o equilíbrio ecológico. Acontecimentos  graves estão mostrando que o humanismo estagnou desde longa data: mentiras, aspereza, arrogância, prepotência. Restaurar o humanismo e o equilíbrio econômico entre as nações é o único caminho que pode fortalecer a paz e o progresso.

Os problemas exigem soluções, mas a natureza e suas leis não negociam. Esta frase não é metáfora; é advertência. Quando violamos seus ritmos, ela reage e responde com secas, destruição do solo, enchentes, extinções, não por punição, mas por consequência.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. 

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