O Brasil inaugurou, no mês de julho, a maior biofábrica de mosquitos do mundo em Curitiba, no Paraná. O local, que utiliza a tecnologia Wolbachia, é uma nova arma no combate às arboviroses, doenças como dengue, zika e chikungunya, que continuam a ser um desafio para a saúde pública no país. Com capacidade de produzir até 100 milhões de ovos de mosquitos por semana, a fábrica é um marco no uso da biotecnologia para o controle dessas doenças.

A tecnologia Wolbachia consiste em inserir a bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti, impedindo que os vírus se repliquem. O professor de Ciências Biológicas da Afya Contagem, André Luiz Zaidan, explica que a bactéria compete por recursos dentro da célula do mosquito e ativa seu sistema de defesa. A transmissão da Wolbachia ocorre da fêmea para seus filhotes. No entanto, quando um macho infectado cruza com uma fêmea não infectada, os ovos não se desenvolvem.

A tecnologia Wolbachia é testada no Brasil desde 2014 e já foi expandida para cidades como Londrina, Foz do Iguaçu, Joinville, Petrolina, Belo Horizonte e Campo Grande. Atualmente, o método está sendo implementado em Presidente Prudente, Uberlândia e Natal. Segundo Zaidan, a técnica é segura para o meio ambiente e não afeta seres humanos ou outros vertebrados. A ampliação do programa em larga escala garante a cobertura da tecnologia e a sustentabilidade a longo prazo.

Apesar da inovação, o professor reforça que a população continua sendo protagonista na luta contra as arboviroses, com o papel de evitar o acúmulo de água parada. A biofábrica de mosquitos é um reforço importante, mas o sucesso no combate às doenças depende de um esforço conjunto entre a população e as políticas públicas.

Foto: Divulgação

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