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As mudanças climáticas e o saneamento básico

As mudanças climáticas e o saneamento básico

06/02/2025 Francisco Carlos Oliver

Um assunto que deixa apreensiva a população no mundo inteiro pelas consequências são as mudanças climáticas.

As mudanças climáticas e o saneamento básico

Isso é natural porque já tem gerado sérias adversidades e ainda podem provocar mais ainda no futuro se não forem trabalhadas. O saneamento básico é um dos setores que sentem mais os impactos desses desequilíbrios climatológicos e tem sofrido como nunca com as frequentes ondas de calor, secas e tempestades.  

Os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos; e os sistemas de drenagem e manejo da água das chuvas, por exemplo, tendem a ficar mais sobrecarregados em razão dessas transformações no planeta. A infraestrutura de saneamento básico pode ficar comprometida e contribuir com mais alagamentos, e paradoxalmente também ter menos oferta de água potável, além da contaminação das respectivas fontes.  As enchentes geram ainda riscos de danificar ou sobrecarregar sistemas de esgoto e tratamento, causando o transbordamento de águas residuais da chuva.

No bojo dos prejuízos, as tempestades podem aumentar a concentração de sedimentos nos mananciais, e isso às vezes provocam alagamentos e contaminação. Do outro lado, as secas que afetam uma região tendem a prejudicar o abastecimento vindo dos mananciais, diminuindo a disponibilidade de água e, por consequência, é preciso recorrer a fontes alternativas de menor qualidade.

Já as ondas de calor atingem diretamente os corpos d'água como lagos, mares, rios, represas, açudes e outros, que apresentam mais presença de elementos contaminantes, além de elevar o consumo de energia elétrica como consequência do maior uso de ar-condicionado e ventiladores. A elevação das temperaturas tem potencial de estimular a proliferação de algas nocivas e outros agentes patogênicos, diminuindo a qualidade da água disponível para a população. Este líquido mais aquecido favorece o crescimento de plantas tóxicas e outros patógenos, reduzindo sua qualidade.

Nos ambientes aquáticos a partir do crescimento de certos nutrientes eventualmente ocorre a eutrofização (processo de poluição de corpos de água por inúmeros fatores como esgotos, efluentes, agrotóxicos, fezes de bovinos, mortes em grande escala de animais ou plantas, além outras causas). O fenômeno às vezes surge naturalmente, mas pode acontecer por causa de atividades dos seres humanos. Cientistas verificaram que vários problemas de eutrofização têm sido agravados pelo aquecimento global.

Além do crescimento de algas e bactérias prejudiciais à saúde, este processo de eutrofização pode provocar danos significativos ao meio aquático, como, por exemplo, a extinção de peixes e espécies benéficas. Com este tipo ocorrência a falta de sistemas adequados de coleta e de tratamento de esgoto contribui para a poluição de rios, lagos, represas e mares.

Outro aspecto a ser considerado nesta inquietante problemática é a elevação do nível do mar. As regiões litorâneas têm a possibilidade de sofrer com a salinização de fontes de água doce, o que complica o acesso à água potável e por consequência a operação de sistemas de saneamento.

Apesar de um grupo social negá-los fervorosamente, os novos eventos climáticos já são parte efetiva da atual era da humanidade, e estão obrigando o poder público a planejar melhor estrategicamente seus recursos e investimentos. Não se pode mais negar, portanto, a necessidade de criação de alternativas para adaptação diante das novas adversidades, visando todo o conjunto de serviços de saneamento, bem como a própria resiliência da população.

O que já se sabe nitidamente é que as mudanças climáticas prejudicam os cidadãos porque também afetam de diversas formas o saneamento. E se a infraestrutura básica de serviços é insuficiente ou precária os impactos climáticos ficam ainda mais acentuados. Os efeitos na saúde pública são inegáveis, porque a interrupção de serviços de saneamento por causa de desastres naturais aumenta os riscos de epidemias ou outras enfermidades transmitidas pela água, como a cólera e a hepatite A.  

No ano passado, as gigantescas inundações que ocorreram no Rio Grande do Sul foram exemplos de como a falta de sincronia entre a infraestrutura disponível e as ações de enfrentamento das recentes crises climáticas podem agravar terrivelmente a situação. O governo gaúcho classificou o acontecimento como “a maior catástrofe climática” da história do Estado.

Em contrapartida, já há várias soluções e adaptações para enfrentar esse novo desafio da humanidade. Um deles é estabelecer uma infraestrutura resiliente, implementando construções de sistemas de saneamento capazes de resistir a eventos climáticos extremos, como redes de esgoto subterrâneas e estações de tratamento de esgoto mais resistentes. É importante também fazer uma gestão integrada de recurso hídricos, criação de mais áreas verdes, e implantação de sistemas de drenagens sustentáveis.

Definitivamente, indivíduos sem acesso a serviços de saneamento básico são mais suscetíveis aos efeitos das transformações no clima. A ligação entre mudanças climáticas e saneamento básico demanda medidas coordenadas e sustentáveis para proteger tanto as populações quanto os ecossistemas. É muito bem-vinda também a promoção de campanhas educativas para conscientizar a população sobre a importância do saneamento básico para encarar as mudanças climáticas.

* Engº Francisco Carlos Oliver é diretor técnico industrial da Fluid Feeder Indústria e Comércio Ltda., especializada em tratamento de água e de efluentes por meio de soluções personalizadas.

Foto: Divulgação/Freepik

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